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Capela do Cristo Operário passa por restauro

Capela do Cristo Operário passa por restauro
A grande maioria das pinturas, feitas por ilustres figuras do Modernismo Brasileiro, já foram recuperadas

Guilherme Borghi Monteiro

Localizada no Ipiranga, a Capela do Cristo Operário passa por novo restauro. Construída em 1950, ela representa um pouco da história do bairro, surgiu de uma iniciativa do Frei Batista Pereira dos Santos e está vinculada ao movimento Economia e Turismo.

Ligada à Ordem dos Dominicanos, a Capela possui obras de importantes figuras do Modernismo brasileiro, como Alfredo Volpi, Yolanda Mohalyi, Geraldo de Barros, Moussia Pinto Alves e Roberto Burle-Marx, o que a torna ainda mais especial.

Capela do Cristo Operário passa por restauro
Equipe da Tapera Arquitetura trabalha para deixar tudo pronto até o final de setembro

O projeto do restauro foi elaborado pela Tapera Arquitetura em 2019 e aprovado pelo Compresp e Condephaat e tratou de todos os imóveis que compõe o conjunto onde a capela está localizada – Edifícios da antiga fábrica Unilabor e antiga sede do Círculo Operário do Ipiranga.

As obras de restauro, de fato, foram mais centralizadas à capela, e, de acordo com informações da empresa, estão acontecendo de maneira conservativa. Ou seja, mantendo as principais estruturas do local, além das pinturas artísticas, as quais, a grande maioria, já foi recuperada.

Os serviços iniciaram há aproximadamente quatro meses, tempo considerado recorde pela arquiteta responsável Mariana Falqueiro, em relação à quando o projeto foi elaborado, aprovado, e o início das obras, considerando-se a pandemia de Covid-19.

Falqueiro explica que até agora foram tratados problemas pontuais recorrentes da Capela, que já haviam sido detectados em 2006, primeira vez que ela passou por um grande restauro, além de outras situações vinculadas à manutenção e conservação de imóveis, como infiltrações da cobertura – sistema de água fluvial – como da parte do solo – infiltrações ascendentes.

Segundo a arquiteta, a cobertura já foi refeita, com a substituição de telhas quebradas por novas, aproveitando grande parte das existentes. As peças foram tratadas com hidrofugantes e a manta de subcobertura foi substituída por mantas anti-chamas que ajudam a prevenção de eventuais infiltrações. Todo o sistema de captação de água fluvial também já foi refeito.

Em relação às pinturas, Mariana conta que o processo de recuperação começo no Batistério, onde as obras estavam mais danificadas “pelas infiltrações ascendentes”, passando pelos painéis da Sacristia e trabalham para finalizar as três pinturas do Volpi, que compõem o Presbitério. Foram realizadas limpeza mecânica facial, consolidação do revestimento e recomposição/reconstituição cromática das pinturas à base de têmpera.

Os cinco vitrais já foram pintados, o paisagismo do conjunto, elaborado pelo escritório Burle Marx foi implantado, os pisos refeitos em alguns trechos e a iluminação externa foi implantada. A pintura externa de três galpões também já foi realizada.

Para que os serviços sejam entregues, falta o término do tratamento da pintura externa, realizada à base de cal, pinturas lisas internas. A previsão é que as obras sejam entregues no final de setembro, quando os fiéis poderão retornar às missas, que acontecem no local aos sábados (19h) e domingos (8h30).

Um programa de conservação e manutenção foi elaborado pela Tapera e protocolado junto ao projeto. Mariana espera que ele seja colocado em prática.

“Eu espero que, de fato haja a execução do plano de manutenção e conservação que acompanha esse projeto e entregue tanto à comunidade quanto aos proprietários”, expõe.

Ela busca ainda, que o local seja mais visto e apreciado pela comunidade em geral, além da religiosa, que sempre frequenta a Capela. “Eu esperaria que ela [Capela] ficasse permanentemente aberta ao público”, diz.

A Capela do Cristo Operário fica na Rua Vergueiro, 7290.

Um pouco mais sobre a história da Capela

A Capela do Cristo Operário surgiu de uma iniciativa do frei João Batista Pereira dos Santos, inspirado pelo movimento Economia e Humanismo durante sua estadia na França, entre os anos 1930 e 1940. O movimento nasceu segundo os ideais do Pe. Louis-Joseph Lebret, que se preocupava com a condição do trabalhador nas sociedades capitalistas de países subdesenvolvidos, como no Brasil.

Sua história da Capela começou, de fato, quando a Baronesa Brasílio Machado doou o terreno à Ordem Dominicana. À época, foi-se instalado o Centro Operário do Ipiranga.

Em maio de 1950, Frei João Batista inaugura, em parceria com o Círculo Operário do Ipiranga, a Capela do Cristo Operário no Alto do Ipiranga, então uma área periférica que se industrializava em São Paulo (cidade).

Entre as décadas de 1950 e 1960, a capela fez parte de um projeto idealizado pelo Frei João Batista Pereira dos Santos e pelo artista plástico Geraldo de Barros: a fábrica de móveis Unilabor, que unia arte, trabalho e religião em atividades junto à comunidade operária da época. Administrada em modelo de autogestão por seus próprios trabalhadores, a fábrica foi dissolvida em 1967 por “motivos ideológicos, econômicos e políticos”.

A arquitetura da Capela do Cristo Operário foi feita pelo Frei João Batista Pereira dos Santos. O desenho segue o modelo das capelas coloniais, com sua simplicidade e linhas retas típicas do campesinato. À entrada, de frente para a Rua Vergueiro, há uma porta dupla de madeira com um vitral no topo e, nas laterais do edifício, mais quatro vitrais com Evangelistas. Na fachada, há um campanário com uma cruz no ponto de intersecção das quatro águas.

O terreno de 5 mil m² onde ela está localizada é dividido em 6 edifícios: Capela, casa do pároco, casa abandonada, 2 galpões (antiga oficina da Unilabor) e um edifício de três pisos (antiga oficina da Unilabor). O local pertencia ao Círculo dos Operários do Ipiranga, que depois foi repassado aos padres Dominicanos através da Sociedade Impulsionadora de Instrução.

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4 Comentários

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