Nossa Opinião

Uma história mal contada

A passagem de Abraham Weintraub pelo Ministério da Educação foi um completo desastre. Sob a sua gestão, a pasta acumulou mais polêmicas do que avanços no ensino. Para completar, o agora ex-ministro viajou para os Estados Unidos numa ação em que os seus opositores estão chamando de “fuga” para escapar da prisão. A exoneração de Weintraub, inclusive, só foi oficializada no último sábado (20) depois que ele já estava em solo norte-americano.

A lambança completa veio em um decreto do presidente Jair Bolsonaro publicado no Diário Oficial da União de terça-feira (23), que alterou a data de exoneração de Weintraub. Agora, a data oficial passa a ser sexta-feira (19), um dia antes de o ex-ministro chegar a Miami. O curioso é que o governo decidiu retificar a data da exoneração após o Ministério Público pedir que o Tribunal de Contas da União (TCU) apure eventual atuação do Itamaraty na viagem de Weintraub aos EUA. Essa é mais uma história mal contada do governo Bolsonaro, que deve explicações à sociedade.

Vale lembrar que Weintraub está na relação de depoentes do inquérito das fake news, que apura a divulgação de notícias falsas, ofensas e ameaças a ministros do Supremo Tribunal Federal e seus familiares. Em reunião ministerial no dia 22 de abril, o ex-ministro defendeu a prisão dos ministros do STF, a quem chamou de “vagabundos”.

Um segundo inquérito trata sobre uma publicação feita por Weintraub nas redes sociais, na qual ele usou uma imagem do gibi da Turma da Mônica em referência à China e, ao escrever sobre o coronavírus, trocou a letra R pelo L como o personagem Cebolinha. O ex-ministro é acusado de xenofobia e racismo.

A prova da péssima gestão de Weintraub à frente do MEC foi, por exemplo, a sua decisão de, horas antes de anunciar a saída do cargo, revogar portaria que estimula o acesso de negros, indígenas e pessoas com deficiência em cursos de pós-graduação de universidades e institutos federais. Depois, o Diário Oficial da União de terça-feira (23) registrou a perda de efeito do último ato de Weintraub como ministro da Educação. Mas era tarde demais, afinal o estrago já estava feito e a repercussão foi extremamente negativa.

A medida nada mais era do que um retrocesso na garantia de direitos fundamentais. É função do Estado assegurar o pleno desenvolvimento de pessoas pertencentes a grupos discriminados ou excluídos do ponto de vista socioeconômico ou étnico-racial. Por isso, é inconcebível que a imposição de barreiras parta justamente do Poder Público.

O que chama ainda mais atenção é esse ataque contra os direitos e garantias das minorias vir do próprio Ministério da Educação. Negros, indígenas e pessoas com deficiência precisam ter acesso aos níveis mais elevados do ensino e da pesquisa. É impossível pensar em um País forte sem fomento ao desenvolvimento científico, à pesquisa, à capacitação científica e tecnológica e à inovação. Isso é o que o povo espera de um governo sério.

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9 Comentários

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