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Crise na Venezuela afeta o Brasil

A crise na Venezuela interessa – e muito – ao Brasil. Não só porque o fluxo imigratório rumo ao País tem aumentado consideravelmente nos últimos meses, mas também devido ao fato de que 25 militares venezuelanos pediram asilo na embaixada brasileira em Caracas. É preciso destacar ainda que, com a agravação dos problemas na Venezuela, o preço do petróleo deve subir. Ou seja, um efeito colateral imediato no dia a dia de todos os brasileiros.
O governo brasileiro já descartou a possibilidade de se envolver em intervenção na Venezuela, mas tomou algumas medidas como a liberação de cerca de mais deR$ 200 milhões para socorrer venezuelanos que cruzarem a fronteira. Somente na terça-feira (30), mais de 800 imigrantes entraram no Brasil passando por Roraima.
A Venezuela é hoje um país dividido. Praticamente todos os dias, as principais ruas de Caracas têm manifestações a favor e contra o governo de Nicolás Maduro. A crise se intensificou no ano passado, depois que Maduro foi reeleito presidente em votação contestada por suspeitas de fraude. A sua posse, por exemplo, não foi reconhecida por líderes globais e o opositor Juan Guaidó foi declarado presidente interino pelo Congresso Nacional.
A solução para a crise no país passa necessariamente pelas Forças Armadas, apontadas como uma das maiores da América Latina, com 115 mil homens, além de quase 500 mil reservistas, que constantemente são mobilizados para grandes exercícios. Maduro detém o apoio militar e, por isso, se mantém no poder.
O presidente entregou ministérios, entidades oficiais de regulação, organismos governamentais estratégicos e empresas estatais para militares. Assim, deixou os quartéis em alerta máximo. Já Guaidó tem tentando ganhar apoio das tropas. Mas, faltam peças importantes das Forças Armadas para que o opositor consiga assumir o poder de fato. Ele mesmo já reconheceu que o número de militares que o apoiam não é suficiente, principalmente por serem oficiais de baixa patente.
A Venezuela está à beira de uma guerra civil.Faltam alimentos e remédios básicos à população. Sob pressão, Maduro convocou um encontro para discutir um plano de mudança e correção e pediu que governadores e prefeitos levem ideias e propostas. Isso, porém, é muito pouco e não deve ter eficácia alguma diante da grave crise vivida pelo país.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, elevou o tom ao dizer que, se for necessário, vai partir para uma ação militar contra a Venezuela. Essa seria uma péssima medida. A interferência dos Estados Unidos é vista como uma violação dos direitos internacionais e levaria a consequências gravíssimas.A tensão interna na Venezuelacaminha para um possível conflito armado e isso é muito ruim para a região, sobretudo ao Brasil. Está na hora de pensar no futuro da América do Sul e o Brasil tem de participar ativamente dessa discussão, respeitando, é claro, a soberania da Venezuela.

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