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Manuel, o barbeiro dos ipiranguistas há 50 anos

Na rua Lino Coutinho, 1228, um sobrado com portão branco, mantém vivo um serviço praticamente extinto: o de barbeiro à moda antiga. O português, Manuel Almeida, conhecido como Mané, de 87 anos, começou na profissão há 76 anos e mantém viva a paixão pelo ofício.
Casado e pai de dois filhos, ele é o barbeiro mais antigo do bairro em exercício. Pente e tesoura nas mãos de seu Manuel ainda trabalhando em harmonia. O tempo e a experiência pesam sobre as mãos do barbeiro e, ainda assim, seus movimentos são suaves. Não há pressa. Há apenas olhos concentrados e atentos para não deixar linhas tortas. Para o cliente, um simples corte de cabelo. Para Manuel, o ofício de uma vida, que ele faz questão de praticar todos os dias.
Seu Manuel faz questão de trabalhar todos os dias de segunda a sexta. A rotina só é quebrada quando tem jogo do Porto, a segunda maior paixão do português. No salão, faixas, quadros, medalhas do time disputam espaço na decoração. “Quando tem partida do Porto eu paro tudo”, brinca o barbeiro.
Em seu salão, fotos e quadros mostram a trajetória de seu Manuel, que saiu de Portugal em 1961 com 30 anos e desde então vive no Ipiranga. A primeira barbearia que trabalhou funcionava na Vila Carioca. Depois, abriu sua própria barbearia na rua Silva Bueno. Na Lino Coutinho, ele já trabalha há pelos menos 25 anos.
Manuel conta que aprendeu a cortar cabelo com o pai, e aos 11 anos já fazia barba sozinho. “Eu morava em Portugal e queria ser alfaiate, meu pai não deixou. No começo, eu cortava a barba do meu pai e a minha, até aprender. Aos 11 anos cortei o cabelo do meu primeiro cliente e nunca mais parei”, disse aos risos.
O barbeiro disse que o movimento agora no salão é pequeno. Normalmente ele atende os clientes fiéis e mais antigos que permanecem com ele independente da situação. “Tem um cliente que foi trabalhar em Tóquio e 3 vezes por ano cortava o cabelo comigo. Outro cliente chegou aqui criança. Cortei o cabelo dele pela primeira vez aos 12 anos e até hoje, beirando os 70 anos, permanece fiel”, lembra.
Com saudade, o barbeiro relembra dos clientes que por vezes lhe confiaram a função de usar a navalha para fazer uma barba benfeita. “Por aqui passaram Artur Dissei, Jerônimo Colombo, o Zerbini, entre outros nomes”, afirmou.
Outra paixão do barbeiro é o Clube Atlético Ypiranga (CAY). “Sou sócio a 37 anos do CAY e conselheiro nomeado. Permaneci na diretoria por 20 anos, em 10 gestões”, afirma. Mané lembra que neste domingo (14), tem eleições para conselheiro do CAY e convida todos associados a participarem. “É muito importante. O clube é dos associados. Ele, numa boa escolha, é quem vai nortear os caminhos do CAY nos próximos quatro anos”, sentencia.
Há 17 anos, Manuel divide o espaço com a pedóloga Vanda Delfina. “Ela é ótima e muito procurada então quem chega aqui sai renovado, barba, cabelo e pés feitos”, brinca.

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3 Comentários

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