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Temporal deixa rastros de destruição no Ipiranga

O temporal de quase 12 horas, na Capital e na Grande São Paulo, deixou para trás um rastro de destruição no Ipiranga e em bairros vizinhos. Córregos e rios transbordaram, ruas e avenidas ficaram alagadas e enlameadas, os mais de 170 km de congestionamentos deram um nó na cidade e prejudicaram o transporte público. Centenas de pessoas ficaram ilhadas em carros, ônibus e até em cima de telhados. Foram resgatadas pelos bombeiros, de helicóptero e em botes infláveis.
A chuva começou por volta das 18h de domingo (10) e só deu uma trégua no início da manhã de segunda-feira (11). Mas, apenas horas depois, os estragos puderam ser contabilizados. Quem acompanhou o esforço dos moradores da rua Cônego Januário e vias no entorno, para retirar água e lama das casas, ficou com a certeza de que o prejuízo foi grande, e que boa parte das famílias terá dificuldades para repor tudo o que perdeu. O que restou da mobília foi amontoado diante dos imóveis. A expressão da dor estava estampada no rosto dos prejudicados.
Equipes da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros entraram em ação na noite de domingo, e coube à subprefeitura Ipiranga decretar estado de alerta. A preocupação aumentou e, às 8h40, passou a estado de atenção. O impacto do aguaceiro não poupou nem os moradores de um condomínio da classe média , o Residencial Luiz Antonio de Andrade Vieira, o LAAV, situado no número 198 da rua do Manifesto. Duas garagens foram inundadas, carros e motos ficaram submersos e, diante desse quadro, a Defesa Civil interditou o condomínio.
Moradores dos 320 apartamentos, distribuídos em quatro torres, tiveram de deixar os prédios. Um grupo de moradores diz que o alagamento das garagens não ocorreu por conta apenas da tempestade. Eles observam que há uma cratera no interior da Escola Estadual Júlio de Mesquita Filho, que fica atrás do residencial. “A tubulação foi rompida e a água acaba chegando às garagens”, avalia um condômino. Funcionária da escola, Edinir Hespanho rebate as insinuações. “A síndica do condomínio conversou com os engenheiros da FDE (Fundação para o Desenvolvimento Estudantil) e foi avisada de que até amanhã (hoje) o problema estará solucionado. Mas o fato é que a água vem do condomínio pra escola, não o contrário”, comenta Edinir.
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo de São Paulo (Seduc-SP) informou que “a área danificada pelas fortes chuvas, localizada nos fundos da EE Júlio de Mesquita Filho foi parcialmente interditada e já foi isolada para que nenhum aluno tenha acesso”. E acrescenta: “Vale ressaltar que a estrutura do prédio da escola não está comprometida e as aulas estão ocorrendo normalmente. Uma equipe técnica da FDE será enviada nesta quarta-feira (13) para avaliar o local e tomar as providências necessárias”.
A escola teria autorizado, na manhã de quarta (13), o condomínio a colocar na cratera uma bomba, para a drenagem da água. As obras de reparo do buraco, atribuição do Estado, podem demorar cinco dias, se as chuvas pararem.
“Há carros e motos debaixo da água, o cheiro de gasolina e de gás estava forte e a Defesa Civil recomendou que deixássemos nossos apartamentos por tempo indeterminado”, contou uma moradora.
A Igreja Nossa Senhora das Dores, que fica na rua Tabor, atendeu mais de 500 pessoas desabrigadas da Baixada da Égua. “Eles começaram a chegar na manhã de segunda-feira. Crianças, idosos e adultos, só com a roupa do corpo.”Com apoio da comunidade estamos conseguimos ajudar”, disse uma frequentadora da Igreja, que foi ao local ajudar o frei Fábio na distribuição de cestas básicas e roupas.
O alagamento e os estragos são conseqüências do corte de cerca de 41% nos gastos com prevenção de enchentes e obras de drenagem, nos últimos anos. O orçamento da cidade e do Estado de São Paulo para ações relacionadas à drenagem era de R$ 5,3 milhões, mas só foram utilizados R$ 2,1 milhões.

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