Nossa Opinião

Mau exemplo para os estudantes

A situação da Educação no Brasil é um descalabro. A saída do ministro Carlos Alberto Decotelli apenas cinco dias após a sua nomeação é uma vergonha para o País. Decotelli foi o terceiro ministro da Educação em apenas 18 meses do governo do presidente Jair Bolsonaro, tudo isso em meio à pandemia do coronavírus, com escolas fechadas.

Decotelli foi escolhido para o cargo porque se imaginava que ele tinha um bom currículo acadêmico para construir uma educação inclusiva e de oportunidades para todos. Depois, no entanto, acabou se descobrindo que tudo não passava de uma farsa. O ex-ministro declarou ter um título de doutorado na Argentina, que na verdade não foi obtido. Também foi denunciado por plágio na dissertação de mestrado da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Alegava ainda ter feito um pós-doutorado na Alemanha que não foi realizado. E, para completar, Decotelli dizia ter vínculo como professor da FGV, mas é somente colaborador da instituição.

Ao nomear Decotelli, acreditava-se que a intenção de Bolsonaro é que ele ao menos conseguisse arrumar a bagunça deixada no MEC (Ministério da Educação) pelo antecessor Abraham Weintraub. Mas não foi isso que aconteceu. Decotelli mal esquentou a cadeira e acabou se transformando em um grande mau exemplo para os estudantes brasileiros. Um ministro da Educação mentir sobre a sua formação acadêmica é gravíssimo.

Fato é que, com um ministério sem comando, milhões de estudantes continuam à espera de orientação e apoio durante a pandemia do coronavírus. Está previsto para esse ano o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), por exemplo, mas ninguém sabe ao certo como será o principal vestibular do País.

Outro desafio enorme é o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), responsável por financiar a educação básica, pagando desde reformas em escolas até salário de professores. O atual Fundeb tem prazo de validade até 31 de dezembro. Sem sua aprovação no Congresso Nacional, não há como garantir repasses para o financiamento à educação.

O que se espera do governo é o anúncio imediato de um plano de retomada da educação com foco na aprendizagem dos alunos. Com as escolas fechadas, é preciso traçar estratégias de reforço e recuperação aos alunos.

O Brasil não pode ter ministros à frente do MEC como Ricardo Vélez, que defendia a mudança nos livros didáticos para revisar a maneira como tratam a ditadura militar e o golpe de 1964 e dizia que o brasileiro parece um “canibal” quando viaja ao exterior. Nem mesmo nomes como Abraham Weintraub, que ofendeu chineses e chamou ministros do STF de “vagabundos”. Decotelli, que parecia um sopro de esperança para os educadores, mostrou ser uma farsa.

Enquanto isso, cresce o temor entre os especialistas do aumento da evasão escolar, um mal que pode ter efeitos devastadores para toda uma geração.

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