Nossa Opinião

Em defesa da natureza

Os incêndios no Mato Grosso do Sul são assustadores. Não à toa, o Estado decretou situação de emergência. O pantanal é o principal bioma ameaçado. Mais de 1,4 milhão de hectares já foram atingidos, incluindo áreas de proteção ambiental e de preservação permanente.
As queimadas estão destruindo a vegetação nativa no pantanal, vitimando também a fauna. Para se ter ideia da gravidade da situação, o número de focos de incêndio é o maior no Mato Grosso do Sul desde 1998, quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) passou a monitorar as queimadas. No Estado do Mato Grosso e em regiões amazônicas o quadro também é crítico.
As cenas dos incêndios são doloridas. É triste constatar que o Pantanal virou um cemitério de animais a céu aberto. Imagens de jacarés queimados, de ponta cabeça, por exemplo, indicam que eles podem ter morrido se debatendo. Também foram registradas serpentes carbonizadas e cascavéis e sucuris mortas, contorcidas pelo fogo. As onças-pintadas que conseguiram fugir do fogo foram resgatadas muito machucadas.
A ação do homem está destruindo a natureza. Especialistas ambientais são taxativos em afirmar que as queimadas no Pantanal são resultado de uma combinação de incêndios criminosos e um desequilíbrio hídrico e climático na região. Neste ano, o nível de chuvas foi 40% menor do que em 2019. Não chove na região há mais de 100 dias. Mesmo com bombeiros e voluntários combatendo as chamas por terra e com a ajuda de aviões, os incêndios estão sem controle.
Pior é saber que, mesmo com essa situação, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) diminuiu o ritmo das operações de fiscalização no Mato Grosso do Sul em 2020. Isso explica a queda nas multas aplicadas relacionadas à vegetação (como desmatamento e queimadas ilegais) em 22% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Imagens da Nasa mostram que a fumaça provocada pelas queimadas no Pantanal e na Amazônia já chega ao meio do Oceano Atlântico e pode se aproximar do continente africano dentro de alguns dias. Esse é mais um dado que reforça os efeitos devastadores da ação do homem na natureza e seus impactos globais.
O mesmo vale para os Estados Unidos, onde as mortes por incêndios florestais na Costa Oeste já chegam a 36. Atualmente, são quase 90 focos de incêndios ativos na região. Na cidade de São Francisco, uma das maiores da Califórnia, o céu ficou laranja escuro, como em um filme de ficção científica anunciando o fim do mundo.
É hora de união de esforços para salvar o meio ambiente. ONGs e empresas ligadas ao agronegócio, por exemplo, fizeram uma aliança inédita para enviar ao presidente Jair Bolsonaro uma lista de medidas contra o desmatamento. A coalizão é formada por 230 organizações e entre as propostas para conter a destruição na Amazônia estão o aumento da fiscalização e a adoção de critérios socioambientais para financiamento. Pode parecer simples e básico, mas nem isso o Brasil está fazendo.

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