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Ipiranga perde força política na Câmara de Vereadores

A eleição para vereador e prefeito em São Paulo, revelou que a região do Ipiranga, mesmo tendo uma população que beira a casa dos 600 mil moradores, perdeu força política e representatividade na Câmara Municipal. O bairro, por exemplo, na década de 90 e começo dos anos 2000, chegou a eleger 5 vereadores, entre eles o ex-vereador Domingos Dissei e hoje Conselheiro do Tribunal de Contas do Município, com mais de 46 mil votos colocando ele entre os cinco mais bem votados de São Paulo. Lembrando que aquela foi a primeira disputa política de Dissei, que teve como padrinho o vereador Oswaldo Giannotti.
Esse ano, apesar dos vereadores eleitos Aurélio Nomura (PSDB), George Hato (MDB) e Camilo Cristófaro (PSB), se tornarem representantes do Ipiranga, apenas o vereador George Hato, tem raízes no bairro, onde seu pai Jooji Hato, foi eleito pelo Ipiranga por várias legislaturas. Camilo Cristófaro, mora na Chácara Klabin e dos pouco mais de 23 mil votos que recebeu, 1.009 foram na zona eleitoral 259 (Saúde), 2.743 na 260, considerada o coração do Ipiranga e 6.972, na 413, que em virtude de aumento da população, foi criada em 2006, e abrange a região do Zoológico e Parque Bristol. No total ele obteve 10.724 votos, menos da metade dos votos que o levaram, pela segunda vez, à Câmara Municipal.
Para se ter uma ideia de quanto foi significativa a perda de poder político do Ipiranga na Câmara Municipal, no ano de 2000, quando foi eleita a prefeita Marta Suplicy pelo PT, o Ipiranga elegeu os vereadores Domingos Dissei, Dalton Silvano, Jooji Hato José Mentor e Willian Woo. Até aquela data o bairro tinha seis representantes, mas o vereador Jorge Taba não conseguiu se reeleger, isso sem contar que o vereador Turco Loco, deixou a vereança para concorrer e se eleger deputado Estadual.
ESQUECERAM DE MIM
O título do filme de do diretor Chris Columbus, se aplica bem a região do Ipiranga. Depois que o ex-vereador Domingos Dissei, deixou a política e foi para o Tribunal de Contas do Município e o vereador Jooji Hato eleito Deputado Estadual, além do vereador José Mentor, que foi eleito deputado federal, os moradores do Ipiranga passaram a viver com o “pires na mão” nos corredores da Câmara Municipal, levando reivindicações que pouco ou nunca foram atendidas. Esquecida pelos políticos, a população pagou um preço alto por não ter um legítimo representante no poder legislativo.
Um exemplo é o caso da subprefeitura do Ipiranga. Em menos de 4 anos teve seis subprefeitos, nomeados por interesses políticos e que durante suas passagens prometeram, mas nada fizeram para melhorar o bairro ou mesmo manter ativa a zeladoria.
Bairro considerado de classe média, com uma população de perfil conservador, nos últimos anos o Ipiranga teve um boom imobiliária muito grande, com o lançamento de muitos prédios. Alguns considerados de alto padrão. Isso fez com que o bairro passasse a ter um morador com perfil bem diferente daquele ”ipiranguista nato”, que comparecia ao Parque da Independência para assistir ao hasteamento da Bandeira do Brasil, diz José Alexandre, morador na rua dos Soracabanos há 40 anos. “ Com os novos prédios veio um morador desinteressado pela luta por um bairro melhor., que também não tem interesse em votar nos candidatos da região. Por outro lado também não temos candidatos que defendam o bairro. Aqui eles defende seu próprio interesse.” sentencia . Alexandre diz que “hoje sinto que estamos abandonados, o exemplo é o terreno na esquina da rua Bom Pastor com Sorocabanos. Lutamos muito para evitar que ali fosse construído um conjunto de prédio. Já fazem mais de 10 anos que vencemos essa batalha e até agora nada foi feito no local. O local virou um criador de ratos, escorpiões e entulho”, diz

Aposentadoria da Câmara

O vereador Dalton Silvano (DEM), foi um dos que não conseguiram se reeleger. Ele, que havia recebido mais de 35 mil votos em 2000, desta vez recebeu pouco mais de 15 mil. Dalton ocupava uma vaga na Câmara Municipal há mais de 20 anos, mas na última eleição também não havia conseguido se eleger, ficando na primeira suplência de seu partido e só permaneceu na Câmara porque um vereador de sua coligação foi chamado pelo prefeito para a administração. Desta vez Dalton ficou na segunda suplência e dificilmente voltará, nessa legislatura, à Câmara, sendo forçado a uma aposentadoria precoce.
No bairro se comenta que, caso Bruno Covas seja eleito, Dalton Silvano seria um bom subprefeito. Dalton Silvano recebeu 370 votos na sessão 259, 2.241 na 260 e 1.318 na 413, totalizando 7.528 votos, metade de sua votação total.

 

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