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Investir em educação ou bancar político?

Talvez muitas pessoas não saibam, mas R$ 1,7 bilhão dos cofres públicos foi destinado em 2018 para partidos políticos gastarem em campanhas eleitorais. Não satisfeitos, parlamentares aprovaram na Comissão Mista de Orçamento do Congresso, na semana passada, o aumento desse valor para R$ 3,8 bilhões, que deverão ser usados para financiar campanhas no ano que vem.
É claro que o regime democrático tem um alto custo a ser pago pela sociedade como um todo, mas tirar R$ 3,8 bilhões do orçamento público para dar nas mãos de políticos é efetivamente desnecessário e exorbitante. Esse dinheiro deve ser usado, por exemplo, em setores como Educação, Saúde e Segurança, áreas tão carentes do nosso País.
A previsão de aumento do fundo eleitoral só foi possível graças a uma manobra desenhada pelos parlamentares, que já estão de olho em uma “gordura” nas contas do ano que vem devido ao aumento na projeção de lucro de empresas estatais na ordem de R$ 7 bilhões. O que chama atenção, no entanto, é que esses mesmos parlamentares planejam uma possível “tesourada” em programas como o Farmácia Popular, que oferece remédios gratuitos para a população de baixa renda, e o Minha Casa, Minha Vida, na área da habitação social.
Vale ainda destacar que partidos políticos com visões totalmente antagônicas resolveram se unir na hora de defender o aumento da verba destinada aos próprios cofres. Ou seja, está mais do que claro que se trata de uma união por ocasião, e não pensando no bem da população. O valor de R$ 3,8 bilhões destinados a campanhas eleitorais teve o apoio de PP, MDB, PTB, PT, PSL, PL, PSD, PSB, Republicanos, PSDB, PDT, DEM e Solidariedade. Juntas, essas siglas representam 430 deputados e 61 senadores.
Essa tentativa dos parlamentares de encherem os bolsos pegou muito mal e provocouforte reação da opinião pública. Líderes partidários, então, estão negociando um novo valor para o fundo eleitoral na casa dos R$ 2,5 bilhões.
Mesmo com a possível redução, ainda assim é muito dinheiro. Levando em consideração o fundo eleitoral das eleições do ano passado, quando o valor ficou em R$ 1,7 bilhão, se a correção fosse feita pela inflação o montante direcionado às eleições de 20202 deveria ser de cerca de R$ 1,8 bilhão.
O fundo eleitoral nada mais é do que dinheiro público que se destina ao financiamento de campanhas políticas. Ele foi criado em 2017 depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu doações de empresas para campanhas, já que esse tipo de ação era muitas vezes usadopara lavagem de dinheiro. A solução encontrada, então, foi tirar dinheiro dos impostos pagos pelo povo para financiar a atividade política dos partidos.
Em um País no qual os jovens não sabem o mínimo necessário de Ciência, Matemática e Leitura, é preciso estabelecer e deixar claro quais são as prioridades do governo: investir em Educação ou financiar partido político.

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