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Fechar fronteira não é solução

Em sua guerra contra o crime organizado, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), tem passado dos limites. A última “pérola” foi de que ele recorrerá à Comissão de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para pedir à entidade que feche as fronteiras do Brasil com Bolívia, Colômbia e Paraguai. A justificativa, segundo Witzel, é de que desses países partem as armas traficadas para o Rio.
A prova de que ninguém está levando o governador muito a sério é que ele solicitou ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, para ambos recorrerem juntos à ONU contra os três países, mas até agora não obteve resposta. Em busca de aliados, Witzel também pediu aos deputados estaduais que constituam uma comissão para tratar do tema.
A intenção do governador é que a ONU equipare facções brasileiras à Al-Qaeda, grupo terrorista que disputa o poder no Oriente Médio. Em sua série de ataques, Witzel chegou a afirmar que Polícia Federal e Ministério Público Federal, responsáveis pela investigação do tráfico internacional de armas e de drogas, estão “em débito” com a sociedade brasileira.
Desde que assumiu Witzel ganhou a fama de “governador durão”. Sua avaliação é de que esse tipo de imagem junto a população é positiva para o Rio. O problema é que, mais do que discursos enfáticos, o que os moradores desejam são ações concretas que garantam bem-estar e segurança.
A morte de uma estudante de 8 anos na comunidade da Fazendinha, dentro do Complexo do Alemão, por exemplo, precisa ser esclarecida. Uma das hipóteses investigadas é que o tiro partiu da Polícia Militar. Se isso se confirmar, é inadmissível. A morte de uma criança nunca pode ser usada como palanque eleitoral. Por isso, não cabe a insinuação de Witzel de que seus opositores trabalham para facções criminosas ligadas ao tráfico de drogas. Ou governador tem provas concretas do que está falando ou é melhor não fazer esse tipo de comentário em público.
Não custa lembrar que, há dois meses, Witzel festejou o desfecho do sequestro de um ônibus na Ponte Rio-Niterói no qual o criminoso foi assassinato. Ganhou as capas dos jornais a foto do governador correndo como um jogador comemorando um gol numa partida de futebol. Witzel se explicou justificando que naquele momento estava feliz por ver a atuação dos policiais militares, celebrando a vida, e que em nenhum momento manifestou alegria pela morte do sequestrador. O problema é que ele não convenceu muita gente. Nem mesmo parte dos seus aliados.
Não adianta só Witzel pedir à ONU que feche as fronteiras do Brasil ou festejar o fim de sequestros em frente às câmeras. A crise do Rio passa principalmente pela falta de credibilidade do Estado. É preciso gerar emprego e melhorar os serviços de Educação e Saúde. Está provado que essa é a maneira mais eficiente de buscar a diminuição dos índices de criminalidade.

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