Uma história de amor digna de cinema

A história do microempresário Gledson Camilo e da analista de recursos humanos Adriana Ragaly é mais uma produção do Cine Favela, projeto social destinado a levar arte e lazer aos moradores de Heliópolis. Os dois eram vizinhos desde a infância, as mães eram amigas, mas eles só se aproximaram em 2003, quando o primeiro filme da instituição foi rodado no bairro.
“Estávamos empenhados em nosso primeiro longa, “Excluídos da sociedade”, sem nenhum recurso, e minha mãe insistiu para que o Gledson participasse da produção, como figurante”, lembra Adriana. “Eu era assistente de direção, estava sempre ao lado do elenco, para passar as orientações do diretor, e aí começaram as trocas de olhares”, ela conta.
O namoro foi a cena seguinte, com lembranças não muito agradáveis ao microempresário, que na época era estudante do ensino médio. Adriana já era colaboradora no Cine Favela, entidade em que hoje é analista administrativa e financeira, e faz parte da coordenação do projeto. “Eu vinha encontrá-la no serviço e tinha de esperar na porta. Ficava lá fora e sofria com a chuva e o frio. Mas não me arrependo e faria tudo de novo, pois é uma prova de que eu a amava muito e ainda a amo. Ela foi minha primeira namorada”, ele revela.
O casal está junto há 15 anos, leva uma vida sem sobressaltos e não esconde que seu motivo de orgulho está nos gêmeos Rafael e Cauã, de 13 anos. “Quando eles nasceram, eu tinha 15 pra 16 anos, era pouco mais que um menino”, analisa. “Todos os casais têm problemas e com a gente não seria diferente. A gente briga, briga, briga e, no final, ela acaba entendendo meus pontos de vista”, argumenta Gledson. “Eu sou filho de nordestinos e tive uma educação rígida. Quero que seja tudo certinho como me ensinaram meu pai (Gilson, já falecido), pernambucano, e minha mãe (Ednalva), paraibana”, acrescenta. Adriana é descendente de húngaros.
Gledson e Adriana estão planejando um programa simples para o dia dos namorados. “Meu sonho era que pudéssemos viajar pelo Brasil ou pelo mundo, mas, como a situação não permite, vamos celebrar a dar com um almoço ou um jantar em algum lugar bacana”, ele antecipa. O casal concorda que a vida não se limita a ganhar dinheiro e os planos futuros são bem parecidos. Ambos só pensam em ter uma qualidade de vida melhor, morar em uma casa mais ampla e evoluir profissionalmente.