Mesmo sendo referência em saúde, a demora com o atendimento e até mesmo falta de agendamento para pacientes que necessitam dos cuidados do CER (Centro Especializado em Reabilitação) IV Flávio Gianotti, tem sido pautas de reclamações por parte dos munícipes e atendidos pelo espaço.
De acordo com Claudia Cristina Pinheiro, usuária do CER IV, mas que tem tido problemas com agendamento, sendo até transferida de unidade, a situação – que antes era boa – se agravou, quando o centro especializado foi realocado do primeiro andar, onde o espaço era propício à realização de suas atividades, para uma pequena sala no andar térreo do Flávio Gianotti.
Ainda, segundo ela, a alegação para a mudança de local era a falta de dinheiro para pagar o aluguel. Ela conta que, agora, falta espaço para que os profissionais trabalhem. As informações teriam sido relatadas após reclamações feitas à unidade.
“Eles são excelentes, só que não conseguem desenvolver o trabalho, porque não tem a periodicidade necessária para o tratamento”, expressou ela, salientando, novamente, os problemas com agendamento, alegando que as fisioterapias têm sido marcadas apenas uma vez por mês.
“Nós já sentamos com a assessora da coordenação, sentamos com a supervisão inteira, com os responsáveis pelo CER, com a gerente do CER, com todo mundo. Falam que vai resolver e não resolve. Eles ficam jogando [as responsabilidades]”, alegou Claudia.
Ela contou ainda que sua filha tem a panturrilha encurtada e também faz tratamento no CER IV, sendo atendida, atualmente, apenas uma vez a cada mês, diferentemente de sua genitora, que também foi atendida pelo local, mas com sessões realizadas toda semana.
Por fim, Cristina ainda salienta que a atual gestão do Gianotti foi a responsável por “desmontar” o CER IV no sentido de “atender as pessoas e como elas devem ser atendidas”. “Essa gestão está sendo péssima para o CER IV”, destacou.
Iris Balbino de Souza, 45 anos, sofre com os mesmos problemas relatados por Claudia, mas com seu filho, Noah, 4 anos. Também ouvida pela reportagem, ela contou que o pequeno possui grau de autismo e não é verbal, tendo a necessidade do atendimento de fonoaudiólogo uma vez por semana, o que não estaria acontecendo no CER IV Flávio Gianotti.
Balbino relata ainda que aguardava desde fevereiro para que seu pequeno fosse atendido, expondo ainda sobre a mudança de fonoaudióloga “por culpa dela”. A primeira consulta de Noah foi conturbada tendo sido necessário o acionamento da Polícia Miltar (PM). Agora, o garoto passou a ser atendido a cada 15 dias.
“Eu estou cansada de ter que brigar, de ficar correndo atrás. É um descaso”, expressou ela, frisando que chegaram a querer realoca-la para Moema para continuidade do tratamento de Noah. “Que que eu vou fazer em Moema se eu moro aqui no bairro”?, indagou.
“Para uma criança que não fala, de 15 em 15 dias, é muito pouco”, concluiu Balbino.
“Eu espero que eles se reúnam e tomem uma providência. Devolvam o CER para o lugar onde ele estava, que possa atender a contento as pessoas como era antigamente, porque eles davam conta, total, que contratem mais profissionais para que possam atender a toda população”, desejam as ouvintes.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), questionando sobre as reclamações feitas por Claudia e Iris.
Através de nota, a SMS informou, por meio da Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) Sudeste, que “o paciente N.H.B.A. é acompanhado regularmente em diferentes especialidades no Centro Especializado de Reabilitação (CER) IV Flávio Giannotti, com próximos agendamentos para os dias 17/10/2024, 31/10/2024, 14/11/2024 e 28/11/2024”.
O informativo diz ainda que o menor “tem sido atendido pela equipe multiprofissional e fonoaudióloga da Unidade Básica de Saúde (UBS) Água Funda, bem como pela equipe do Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil Ipiranga.
Em relação à mudança de local do CER IV, no próprio Flávio Gianotti, a nota diz que “há uma Comissão Ampliada do Conselho Gestor do equipamento que tem discutido o assunto constantemente. A proposta mais recente foi a de instalar mais um Centro Especializado em Reabilitação no território do Ipiranga, visando à ampliação do serviço, que foi bem aceita na última reunião do Conselho Gestor do Complexo Flávio Giannotti”.