Nossa Opinião

Problema longe do fim

Após ordem de líderes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), traficantes e usuários de drogas deixaram a região conhecida como Cracolândia, no Centro, ao longo deste final de semana e se espalharam por outros pontos da cidade. O esvaziamento rápido surpreendeu a todos. Do dia para a noite, as ruas da região amanheceram praticamente vazias.
Isso, no entanto, não significa que acabou a Cracolândia. Tem muita guerra pela frente ainda no combate ao tráfico de drogas e no auxílio aos dependentes químicos.
Muitos dos frequentadores da Cracolândia migraram para as regiões da Avenida Paulista, do Ceagesp e do Jabaquara (nas proximidades da Avenida dos Bandeirantes). Será que a questão só mudou de lugar? É muito provável que sim. Essa é uma demonstração de que o problema não está resolvido.
Muito pelo contrário, foi espalhado pela cidade. Sem contar, é claro, que muitos temem que o fluxo retorne à região da Cracolândia nos próximos dias. Logo após o esvaziamento da região, a Prefeitura já começou obras no local, como o fechamento de buracos nas ruas e lavagem das calçadas, numa ação de recuperação de uma área praticamente abandonada há anos. Para quem vive por lá, a sensação é de liberdade, de pessoas que mal podiam sair de casa por medo de assaltos.
A aproximadamente 500 metros do quadrilátero da Cracolândia, está a Praça Princesa Isabel, que acabou tomada por traficantes e usuários de drogas. O local foi reformado em 2018 e passou a contar com uma quadra poliesportiva, equipamentos de ginástica, brinquedos infantis, mesas de jogos e de piquenique, banheiros públicos, pista de corrida, bebedouros, lixeiras novas e até um espaço Pet, conhecido como “cachorródromo”. A reforma custou R$ 2 milhões e agora todos esses equipamentos estão tomados por usuários de drogas. Infelizmente, uma perda para todos.
O que se espera das autoridades responsáveis pela segurança pública é que elas esclareçam o que está por trás desse repentino e inexplicável vazio da Cracolândia. Hoje, estima-se que o PCC está presente em 22 países de três continentes e lucra mais de R$ 1,5 bilhão por ano. Por isso, é preciso atacar a raiz do problema e estrangular o crime organizado, asfixiando principalmente as suas finanças. A polícia, inclusive, atribui a saída dos traficantes da Cracolândia à atuação de agentes infiltrados e às operações que resultaram em quase 100 prisões em quase um ano.
Já para aqueles que cuidam da saúde pública, o desafio é oferecer os cuidados básicos e ações de redução de danos do uso de drogas. São milhares de pessoas que acabaram empurradas para as ruas pelo desemprego trazido pela pandemia. Assim, traficantes e usuários acabam se misturando às famílias que moram nas ruas da maior cidade do País.

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4 Comentários

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