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Poucos conhecem a Bandeira do Ipiranga

Primeiro bairro da cidade de São Paulo a ter uma bandeira própria, o Ipiranga estimulou outros bairros da cidade a seguirem o mesmo caminho. A Bandeira do Ipiranga foi escolhida por meio de um concurso promovido pela Comissão de Festejos do Aniversário do Bairro e Clube dos Lojistas, em 1984.
Lançado o concurso, idealizado segundo o engenheiro Renato Garcia Rosa, pelo advogado Laerte Toporcov e Maria Aparecida Dantas Garcia, (acho que tinha outros mas já não lembro diz o engenheiro). 58 candidatos se inscreveram. Número que surpreendeu os organizadores. Depois de muita discussão em torno dos trabalhos, o vencedor acabou sendo o contador aposentado Jayme Castro Delgado. O desenho de Jayme, a época com 71 anos, recebeu 260 votos. Ele nasceu em São João da Boa Vista mas chegou em São Paulo aos 2 anos. Casou aos 28 anos e foi morar numa travessa da av D Pedo I com os sogros. Nove anos depois se transferiu para uma casa na travessa da Ricardo Jafet, próximo ao Museu do Ipiranga. Segundo o engenheiro Renato Rosa, foi nessa época que Jayme se apaixonou pelo Ipiranga, onde morou por 48 anos. Apesar de ser contador por profissão, Jayme gostava muito de desenhar e, ao saber do concurso para a criação de uma bandeira para o bairro, logo se inscreveu. Apontado como vencedor do concurso, Jayme revelou, posteriormente, a amigos, que não esperava vencer pela competência dos participantes e a qualidade dos trabalhos. O engenheiro Renato Rosa, porém, diz que o desenho e simples mas impactante e representa a força do bairro e sua importância para o Brasil. “Ela tem um significado muito forte”, diz. emocionado olhando para para os documentos e desenhos do concurso da bandeira. ” Não participei diretamente do con curso, mas abracei sua realização com muito amor e por isso guardo até hoje toda documentação que fala sobre a realização do concurso”, lembra.
A bandeira traz o preto, vermelho e branco, cores da cidade de São Paulo. A pira central estilizada com a chama verde e amarela simboliza as cores e o local da Independência do Brasil. A pira da bandeira fica na frente do Monumento do Ipiranga e faz parte do conjunto arquitetônico. Sua chama nunca apaga gracas a insistência de Guilherme Teodoro Mendes junto a Congás. “O Guilherme insistiu tanto junto a Congás que para se livrar dele a empresa acabou fazendo uma instalação de gás natural que mantém a pira constantemente acesa”, diz Renato.
A Bandeira foi hasteada pela primeira vez no Balneário do Ipiranga, no dia Primeiro de setembro de 1984. Ela tremulou ao lado da bandeira do Brasil e da Bandeira Paulista. A cerimônia, ao som Hino Nacional, contou com a presença de importantes personalidades do bairro e políticos. Naquele dia, segundo um dos participantes da cerimônia, Laerte Toporcov, emocionado, teria comentado, “agora precisamos ter um hino nosso”. Anos depois isso viria se transformar em realidade através de um concurso realizado junto com as festividades de aniversário do bairro.
Trinta e sete anos depois ter sido hasteada pela primeira vez, a existência da bandeira do Ipiranga ainda é desconhecida por muitos moradores do bairro. Ela, timidamente, está presente na subprefeitura do Ipiranga, porém mesmo outros setores oficiais do bairro desconhecem até mesmo sua existência. O engenheiro Renato Garcia Rosa, hoje aposentado e que a época era supervisor de Habitação da Subprefeitura Ipiranga, logo após a realização do concurso, ficou com o desenho original e afirma que, depois de sua família, esse é seu maior tesouro, “guardado a sete chaves”. Emocionado ao falar do concurso e da escolha da bandeira, ele diz que quase ninguém conhece o símbolo máximo do bairro, “principalmente os jovens”.” É preciso divulgar mais a nossa bandeira. Está faltando civismo”, afirma.
Renato Rosa diz ser importante integrar os jovens a história do bairro, para que ela não acabe no esquecimento. “O Parque da Independência é o marco histórico da emancipação política do Brasil e, durante muito tempo, não recebeu a devida atenção no que diz respeito a manutenção e aos cuidados de zeladoria”, salienta.
O engenheiro aposentado lembra que a data oficial de aniversário do bairro, passou a ser comemorado oficialmente a partir de 1980, graças a aprovação na Câmara Municipal do projeto 85/80 de autoria do vereador Almir Guimarães.
Ele diz que sabe da importância historia dos documentos que tem em seu poder e que já conversou com sua família a respeito e que gostaria de fazer a doação para um museu no bairro. ” Mesmo esquecida a Bandeira do Ipiranga tem um importante significado para a história do bairro. Mas a história de sua criação está preservada. Não me pertence, mas sim a História do Ipiranga. Estou com 75 anos, sei de sua importância por isso o próximo passo será doar toda essa documentação a um museu para que posso servir de pesquisa as futuras gerações”, salienta.

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