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Pioneiros da Vila das Mercês se reúnem para compartilhar histórias no bairro

Em um segundo encontro acontecido na manhã deste sábado (15), pioneiros da Vila das Mercês se reuniram para partilhar vivências e histórias vividas no bairro, assim como as mudanças que este sofreu ao longo dos anos e até mesmo, décadas.

José Vera, 68 anos, mora no bairro desde que nasceu e contou para a reportagem sobre os circos itinerantes que passavam pela região antigamente, com uma recordação especial para o Circo do Penacho, que segundo ele, levava atrações musicais, equilibristas, etc.

Para ele a região significa “sua vida”. “Tenho ela com muito carinho. Aqui é o meu lugar, onde eu fiz a minha história e na minha intenção é continuar fazendo até que um dia o nosso bom Deus me resolva chamar”, disse.

Já Edna Bernardes Yoshikawa, 82 anos, reside na região há 75 e segundo ela o local em sua vida “é tudo”. “Casei e voltei”, expressou rindo e se recordando de quando precisava “pegar o ônibus” na Via Anchieta, pois na redondeza, não passava nenhum.

“Me lembro de quando minha mãe nos trazia à igreja, em 1955, estudei no galpão também [única escola da região na época] me lembro de muitas coisas aqui do bairro no tempo que não tinha nada. Só eucalipto e barro”, compartilhou Zilda Maria do Nascimento Silva, 71 anos, moradora antiga da região.

Shirley Tamaoki Homsi foi professora muitos anos na região e mora nela há 65 anos. “Não tinha nada aqui”, disse. “Minha vida. Fui muito feliz e sou muito feliz”, disse sobre a Vila das Mercês.

A estratégia será após junção de todos estes e outros relatos e confrontamento de todas as histórias divididas, produzir um Livro Histórico/Fotográfico, além de uma exposição sobre o bairro.

Pioneiros da Vila das Mercês se reúnem para compartilhar histórias no bairro
O professor historiador e escritor, Sidnei Ferreira, separou os pioneiros em grupos para que suas histórias e lembranças pudessem ser contadas

Por isso, todo encontro foi organizado, em grupos, os quais foram entrevistados pelo historiador, professor e e escritor Sidnei Ferreira, atuante no Centro Universitário Assunção e Universidade São Judas Tadeu quem entrevistou os moradores.

“Primeiro nós utilizamos um questionário fechado, com algumas perguntas relativas ao surgimento, desenvolvimento, do bairro, colher esses relatos, confrontá-los entre si, para tentar identificar pontos de convergência comuns entre esses diversos relatos”, explicou o historiador.

Ainda, segundo ele, num segundo momento, os relatos deverão ser confrontados ainda com reportagens de jornal, fotografias e fontes que os validem, ou não.

“O que nós temos visto até agora é que muitos deles relatos são absolutamente convergentes” afirmou ainda.

“Eles [moradores da Vila das Mercês] vão resgatando essas memórias, manifestando isso oralmente. A importância desse trabalho é exatamente a manutenção dessas memórias. A gente está falando de pessoas aqui que tem uma ligação com o bairro de 70/80 anos, nasceram aqui, viveram suas vidas aqui e que, portanto, sabem exatamente como o bairro se transformou”, expressou o professor ainda, alegando que com o trabalho, começa a perceber o quanto os bairros vão crescendo ao longo dos anos. “A importância deste projeto é exatamente poder resgatar e preservar essas memórias”, conclui.

Para poder ouvir a todos os que ainda tinham depoimentos para dar e não conseguiram dizê-los no primeiro encontro, grupos foram divididos entre os pioneiros, para serem ouvidos pelos historiadores.

A bibliotecária Maria das Graças Garcia é a curadora e idealizadora do projeto. “Eu acho muito importante as pessoas terem uma consciência do relato da sua vida. Essa memória histórica é um valorizador da pessoa enquanto cidadão e do poder transformador. Para comprovar a atuação do poder de transformação Histórico no bairro, o cuidado de ter fotos comprobatórias e relatos que serão confrontados pelos professores acadêmicos e historiadores, farão com que isso realmente tenha a concretude necessária para se falar “isso ocorreu mesmo””, explicou ela, sorte sua ideia com o trabalho.

A partir disso, ainda segundo ela, um Livro sobre o bairro será produzido e posteriormente uma exposição. Há a possibilidade, ainda, de um outro livro ser escrito com os relatos de forma mais “narrativa”.

“Ao ir para a parte prática de concretização do projeto, nós observamos também o fato agregador, ainda mais nesse momento em que muitas vezes as pessoas com mais idade sofrem o etarismo. Isso mostra que independentemente da idade onde as pessoas estejam, elas atuam na sociedade e provocam mudança. Conforme nós formos para outros bairros, isso ficará comprovado por Livro, pela exposição e na vida diária das pessoas”, acrescentou Maria, sobre a importância do trabalho.

Um dos assuntos convergidos entre todos os escutados no sábado foi relacionado a uma tradicional família que foi uma das primeiras a chegar no bairro: a Zabeu. Marli Saraceni pertence a ela e falou sobre o sentimento de viver na região, além poder compartilhar suas histórias no encontro.

“Tenho muito orgulho deste evento que nós estamos proporcionando aqui para os pioneiros do bairro. Eu cresci aqui, meus pais tinha um sítio e eu fiquei muito contente com esse projeto e de poder relembrar todo o meu passado”, expôs.

Ainda, de acordo com ela, o bairro, antes de chamar-se Vila das Mercês, era nominado Vila Quaquaquarenta”, por conta de uma casa de calçados no centro da cidade que recebia esse nome e através da qual foram construídas casas para os funcionários na redondeza.

Futuramente, a intenção é – através de uma Coleção e em conjunto com os historiadores, expandir a ação relizada na Vila das Mercês. Para isso, o Projeto Cultural busca aporte na Lei de Incentivo.

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