Jovens precisam de oportunidade

Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) da Educação divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na quarta-feira (15) revelam o tamanho do desafio que o novo ministro da Educação, o pastor Milton Ribeiro, terá à frente do MEC.

Os dados são preocupantes. Mais de 60% dos jovens que concluíram o Ensino Médio, por exemplo, não puderam prosseguir com os estudos e ingressar no ensino superior porque precisam trabalhar ou porque não têm recursos para bancar os estudos. Por trás desse tipo de estatística estão os sonhos de milhões de jovens de seguir uma carreira que não puderam ser realizados.

Falta ao Estado brasileiro oferecer aos jovens oportunidades. Atualmente, apenas um quarto dos estudantes de graduação (26,3%) estão matriculados em instituições de ensino superior públicas. Ou seja, a maior oferta está no ensino privado e grande parte da população brasileira não tem dinheiro para pagar por isso. Não à toa, as instituições públicas de ensino perderam participação entre os estudantes que cursavam mestrado, doutorado ou faziam especialização, principalmente devido ao corte de bolsas e à crise de restrição orçamentária no ensino público.

O Brasil precisa também lidar melhor com questões raciais. O IBGE revelou que apenas 41,8% dos adultos pretos ou pardos acima de 25 anos tinham concluído o ensino básico obrigatório em 2019, contra uma fatia de 57% da população branca na mesma faixa etária. Pior: os pretos e pardos tinham, em média, 8,6 anos de estudos, enquanto os brancos tinham estudado 10,4 anos, quase dois anos a mais. Dos mais de 10 milhões de jovens de 14 a 29 anos que não frequentam a escola nem concluíram o Ensino Médio, 7,2 milhões deles são pretos ou pardos.

Outro dado preocupante se refere à taxa de analfabetismo, que recua a passos lentos. No Nordeste, por exemplo, houve piora em relação ao ano anterior.

Diante desse quadro, o que se espera do novo ministro da Educação é que ele adote uma política pública que permita ao Brasil superar essa situação. Independentemente de qualquer posição ideológica, é fundamental que se priorize o diálogo e a transparência. Sobretudo no governo do presidente Jair Bolsonaro, tem faltado mais conversas com as várias entidades ligadas à Educação no País. O MEC não pode ser transformado em um grande campo de batalha. Todos os esforços têm de estar com o foco nos reais problemas do País, que são muitos.