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Casa do Grito tem arquitetura peculiar

Impossível falar do Parque da Independência e não lembrar da Casa do Grito. Localizada no alto da colina, a casinha branca, de aparência simples, possui uma origem emblemática. A construção recebe este nome devido à associação com uma casa semelhante que aparece no quadro “Independência ou Morte”, de Pedro Américo, pintado entre 1886 e 1888. No entanto, o documento mais antigo que se tem registro referente ao imóvel é de 1844 e mostra que ele pertencia à Guilherme Antonio de Moraes.
De 1887 até 1911, a casa passou por vários proprietários, quando foi adquirida pela família Tavares de Oliveira, que permaneceu como moradora até a desapropriação feita pela Prefeitura em 1936. Por sugestão do consultor jurídico Paulo Duarte, o então prefeito Fábio Prado desapropriou o casebre para instalar ali um pequeno museu com mobiliário rústico.
Sua importância de fato só foi ser reconhecida graças a uma campanha da Sociedade Geográfica Brasileira e o jornal “A Gazeta”, em 1955, que atribuiu valor histórico para o imóvel devido a sua técnica construtiva: o pau-a-pique. Foi assim que surgiu a ideia de transformar em 1958 a casa no Museu do Tropeiro, que abrigou até a década de 70 elementos para compor um ambiente do que se imaginou ter sido um local de passagem para viajantes do século XIX.
Desde então, a Casa do Grito já passou por quatro grandes reformas, sendo a última em 2007, quando a Secretaria Municipal de Cultura investiu R$ 140 mil para eliminar a umidade e as rachaduras nas paredes. Tombada pelos órgãos municipal, estadual e federal de preservação patrimonial (Conpresp, Condephaat e Iphan), atualmente o espaço é administrado pelo Museu da Cidade e exibe fotos e materiais encontrados em uma investigação arqueológica feita em 1981. Foram achados fragmentos de cerâmica, louças, vidros, metais e outros diversos vestígios do processo construtivo.
Cristiane Aparecida da Silva, de 38 anos, sabe que apesar da aparência singela, a estrutura do patrimônio é muito valiosa. Estudante de arquitetura, ela foi ao local especialmente para estudar suas particularidades. “É impressionante ver como eles conseguiam erguer edificações como esta no meio de um terreno e uma vegetação tão irregular. Essa preservação da história é fundamental para recuperar a memória do nosso povo. Não podemos deixar cair no esquecimento nossas marcas e a Casa do Grito certamente é uma delas”, explica Cristiane.
Diversas ações educativas também são desenvolvidas no local em parcerias do Museu Paulista com as escolas, que levam seus alunos para conhecer de perto o acervo disponível no local. Para agendar uma visita monitorada, basta mandar um e-mail para museueducativo@gmail.com.
A Casa do Grito também fica aberta ao público de terça a domingo, das 9h às 17h.

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