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Dança das cadeiras na subprefeitura Ipiranga

O Ipiranga já tem um novo subprefeito. Mais um. O quinto em dois anos e o quarto em 1 ano. Isso porque, o primeiro, o engenheiro Amândio Martins, assumiu em janeiro de 2017 e deixou o cargo em janeiro de 2018. Depois disso, segundo um servidor que trabalha na subprefeitura do Ipiranga, “a sala do subprefeito parece que tem um formigueiro. Ninguém consegue esquentar a cadeira.É um entra e sai que prejudica o bairro e trabalho de todo mundo”, diz. “ Eles só vem aqui para engordar o holerite”, diz uma senhora que ouviu a conversa do servidor com a reportagem.
O novo prefeito Regional do Ipiranga é Caio Vinícius de Moura Luz, de 30 anos. Após dois anos que o governo Doria/Covas, assumiu a Prefeitura de São Paulo, 5 prefeitos regionais passaram pelo Ipiranga. Nenhum deixou saudades, pois não resolveram os problemas do bairro, que continua com as ruas esburacada, praças com mato alto. Isso sem contar que, em função do abandono e descaso com o bairro, o Ipiranga virou um lixão a céu aberto, pois hoje é comum encontrar descarte de lixo por todo lugar.
A dança das cadeiras dos subprefeitos no Ipiranga da gestão Doria começou com o engenheiro civil Amândio Martins, que deixou o cargo em janeiro de 2018 e foi substituído pelo também engenheiro Milton Roberto Persoli, que não teve a oportunidade nem a esquentar a cadeira e um mês depois, em março, passou a função para o jovem Victor Almeida Sampaio, natural de São Vicente e um apaixonado por skate. Ele ficou a frente da regional por seis meses e foi promovido a Chefe de Gabinete de Bruno Covas, deixando em seu lugar Francisco Roberto Arantes Filho, em setembro, que passou o cargo na sexta-feira (3), para Caio Luz.
O governo municipal estabelece a função de subprefeito como cargo de confiança e muitas vezes ele é usado como moeda de troca, pois é comum o indicado ter apoio de um vereador na Câmara Municipal que, por sua vez, apoia os atos do Prefeito. Como não há necessidade de concurso público, a escolha fica sobre responsabilidade da Prefeitura. Cabe à gestão decidir quais os critérios para a escolha, e quando há dispensa não há obrigação em informar o motivo.
O modo fechado como é feita a nomeação dos administradores locais colabora para a sensação de falta de clareza e a falta de compatibilidade com os moradores do bairro, que acabam pagando pela falta de comprometimento dos administradores. Basta dar uma volta no bairro e constatar o descaso com as praças públicas, os milhares de buracos nas vias, árvores sem podas, sem falar no abandono do Parque da Independência, o cartão postal da região.
O resultado das mudanças também é visto em números. A subprefeitura Ipiranga está entre as 5 regionais que mais recebeu solicitações através do 156 com 15.716 registros entre janeiro e junho de 2018. Problema crônico na região, o descarte de lixo irregular, foi a reclamação que mais colecionou denúncias. Nem o site da subprefeitura consegue acompanhar as mudanças. O nome de Francisco Roberto Filho ainda constava como subprefeito até quarta-feira (9).
Para Cláudia Silva, eleições para subprefeito poderia ser a chance de acabar com as passagens relâmpagos dos subprefeitos pelo cargo. “Muda tanto que eu nem sei, fica uma bagunça que você acaba se perdendo no meio do caminho. Mesmo assim, o voto é a arma que temos.”
Enquanto isso, os ipiranguistas ainda não sabem que têm um novo subprefeito. “Não sabia. Eu parei no Persoli. Jurava que ainda era ele”, disse a moradora Vânia Brito.
Nascido em Arujá, Caio Luz, o novo subprefeito, é formado em Comunicação Social pela Universidade Braz Cubas (UBC), especialista em Planejamento de Transportes e cursa Ciências Políticas na Fundação-Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP).

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