Você convive com adolescentes?

Uma das coisas que mais me incomoda é ver como a sociedade trata os adolescentes. Lido diariamente com eles não só porque eles são parte fundamental do meu trabalho como educadora, mas também porque gosto. Eles fazem parte da minha rotina e por conviver tão de perto com a molecada, posso dizer que não é fácil passar por esta fase da vida.
Todos os adultos já passaram por ela, mas por fazer tanto tempo e por tudo ser tão diferente na nossa época, esquecemos o quão conturbado é este período. É na adolescência que o ser humano começa a se questionar. É o momento que os valores vão se consolidar e eles vão começar a escrever a própria história, mas infelizmente na maioria das vezes, esses questionamentos são sufocados pela cultura, pelo consumismo, pelo modismo e o sentido da existência fica confuso.
E é justamente no meio deste caos, que os adultos resolvem tratar os adolescentes de maneira simplista, moralista e como se todos fossem rebeldes sem causa. Opiniões sobre eles não faltam, por isso eu te pergunto: com quais adolescentes você convive?
Porque ver a sobrinha de 15 anos somente nas festas de família duas vezes por ano não é o suficiente pra julgar os piercings e o cabelo azul dela. Passar de carro na porta de uma escola de Ensino Médio e achar horroroso todos aqueles jovens se abraçando e se beijando também não é suficiente para falar sobre quem eles são e nem como agem.
Vou só lembrar, caso tenhamos esquecidos, que na adolescência os hormônios estão a flor da pele e é justamente por isso que eles estão descobrindo a sexualidade e precisam de afeto, seja dos amigos, seja da família. Mas como os amigos costumam entendê-los melhores do que os pais, é no convívio escolar que eles serão de fato quem desejam.
Eles estão aprendendo a se posicionar diante do mundo e o erro faz parte deste processo, por isso cabe a nós entender e respeitar este momento, ao invés de só cobrar resultados. É nosso dever enquanto sociedade lidar de verdade com o adolescente para entender a solidão e os medos da juventude e não delegar essa função somente às escolas.
É muito fácil criticar as meninas que ficam grávidas numa fase em que elas não estão preparadas ou que usam roupas curtas demais. Mas e nós, estamos preparados para lidar com isso ou estamos fugindo e tapando o sol com a peneira?