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Ipiranga se movimenta a favor de sua história

Repetindo ações e lutas do passado, que foram importantes para preservação de monumentos e palacetes históricos do Ipiranga, os moradores e amigos do bairro se mobilizam – através de um abaixo assinado – desta vez, a favor da preservação do entorno do terreno do antigo Noviciato Nossa Senhora das Graças Irmãs Salesianas, localizado na rua Clóvis Bueno de Azevedo 160, e contra a derrubada de mais de 64 árvores na área histórica do Ipiranga.

Isto porque a construtora Gamaro já anunciou que pretende construir mais um condomínio na região que, de acordo com o que diz o abaixo assinado contra a ação, destruirá parte da história do Ipiranga e, consequentemente, do país; descaracterizará o bairro e impactará negativamente na fauna e flora local, prejudicando, com isso, o Meio Ambiente.

“Eu acho uma judiação. Sou totalmente contra. Fora a questão do patrimônio histórico do bairro. Está aí, porque vai mexer? Tem tanto terreno aí para construir. Não tem que avançar contra o patrimônio histórico do bairro, disse à reportagem do Jornal Ipiranga News, Angela Maria Gaspar, 71 anos, moradora do Ipiranga. Ela recebeu o abaixo assinado e está convidando outras pessoas a assinarem também.

O documento, que já conta com por mais de 500 assinaturas, exige que as autoridades do município de São Paulo – como o prefeito Ricardo Nunes e vereadores que atuam pelo Ipiranga e são conhecidos no bairro – empreguem os recursos cabíveis e as medidas previstas em lei, de modo a inibir a edificação do entorno do edifício, além de impedir o corte de árvores no terreno, que está localizado na rua Dom Luis Lasanha com a rua Gama Lobo e rua Moreira e Costa.

O abaixo assinado se baseia no fato de que o bairro do Ipiranga e a cidade de São Paulo precisam garantir a preservação do patrimônio histórico-cultural, ao invés de permitir a redução de suas áreas verdes, bem como permitir o avanço da especulação imobiliária e a construção de edificações que terão impactos negativos sobre a região, como por exemplo, o corte de dezenas de árvores, gerando grande impacto para a flora e fauna local.

O edifício do antigo Noviciado Nossa Senhora das Graças Irmãs Salesianas foi tombado pelo CONPRESP no dia 8 de maio de 2007, e representa um patrimônio de importância não apenas para o bairro do Ipiranga, mas para toda a cidade de São Paulo, narrando parte da sua história socioeconômica e material, tendo contado com mão de profissionais imigrantes para a sua construção.

“Se em um lugar histórico “os caras” começam a destruir tudo, não vai demorar muito, daqui a pouco vão derrubar o Museu também, para colocar empreendimento imobiliário lá”, expressou Marcelo Robaina, morador da redondeza há mais de trinta anos, o qual assinou o abaixo assinado.

Robaina se lembra da época em que o Noviciado ainda funcionava, era encantador”, diz. Além dos problemas relacionados ao Meio Ambiente e prejuízos à história do Ipiranga, ele aponta ainda que, se o edifício de fato for construído “vai fazer sombra, começa a ter muito carro e piora a segurança”.

A reportagem do Jornal Ipiranga News entrou em contato com a Gamaro para saber a posição da empresa em relação a mobilização da população contra a anunciada e o corte das árvores, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.

Carla Lovato reside no Ipiranga há três anos. Ela já está engajada na causa contra a edificação no local. “É uma área em tombamento. Vão retirar 64 árvores existentes no terreno – ou mais – o que já é um absurdo por si. A preocupação está sendo feita só com relação à construção. A área de preservação está caindo aos pedaços. E se forem construídas novas torres, como está se dizendo, a gentrificação vai ficar um absurdo e essa região não tem estrutura para aguentar isso”, expôs.

“O bairro do Ipiranga sempre fez parte da minha história, com especial referência a meus avós e pais, que moravam nas proximidades do Museu do Ipiranga. Acredito que preservar os monumentos é os prédios históricos, assim como seu entorno, é preservar nossas histórias, nossa cultura, preservando assim nossa identidade como cidadãos. Um destaque especial quanto à preservação e ampliação das áreas verdes. Quem sabe assim, poderemos passar esta identidade para as próximas gerações e valorizarmos assim os que vieram antes de nós e sãs contribuições para as comunidades locais ipiranguistas”, apontou Conceição Pedroso, defensora do abaixo assinado.

Entre os moradores das imediações, comenta-se que um grupo de ambientalistas esteve no local e anunciou que irão montar barracas dentro do terreno para proteger as árvores contra as motosserras da construtora Gamaro.

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