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Sérgio Moro deve explicações

As denúncias feitas no domingo (9) pelo site The Intercept de que o então juiz responsável pela Lava Jato no Paraná e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, orientou ações e cobrou novas operações dos procuradores que atuam na operação são gravíssimas.As alegações dadas por Moro em uma entrevista coletiva em Manaus (AM), na segunda-feira (10), de que não orientou a atuação dos procuradores, acrescentando que os trechos mencionados na reportagem, na opinião dele, não mostram prática ilegal, são frágeis.
Por meio do seu secretário de comunicação, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que confia “irrestritamente no ministro Moro”. A história mostra que casos como este exigem cautela. Por isso, talvez o presidente tenha se precipitado.
Os defensores de Moro argumentam que os celulares do ministro e dos procuradores foram hackeados ilegalmente, o que é crime. O TheIntercept, no entanto, diz que as informações foram obtidas de uma fonte anônima.
As conversas publicadas pelo TheIntercept revelam que o procurador DeltanDallagnol pede a Moro para decidir rapidamente sobre um pedido de prisão. A autorização para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva conceder entrevista às vésperas da eleição do ano passado também foi motivo de conversa entre os procuradores da Lava Jato.
É inadmissível qualquer viés partidário nas ações da Lava Jato. Pior ainda é o fato de terem vindo a público mensagens atribuídas aos procuradores nas quais eles chegaram a traçar estratégias para cassar a autorização da entrevista, por temerem que as declarações de Lula pudessem ajudar a eleger o então candidato do PT, Fernando Haddad.A notícia de que Dallagnol teria dúvidas sobre a solidez da denúncia contra o ex-presidente Lula no caso do triplex de Guarujá, quatro dias antes de ela ser oferecida ao então juiz Moro, pode, inclusive, colocar todo o processo em xeque.
A Constituição brasileira é muito clara ao vetar que um juiz dê conselhos ao Ministério Público ou direcione seu trabalho. É dever do juiz se manifestar apenas nos autos dos processos e, assim, manter a sua imparcialidade. Qualquer tipo de proximidade entre procuradores e juízes é imoral e viola o código de ética dos magistrados.
Assim, Moro deve explicações mais convincentes à sociedade. Por enquanto, as suas declarações não foram suficientes e não provam que ele é realmente inocente. Moro vai comparecer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado no próximo dia 19 para falar sobre o vazamento das mensagens. Como diz o provérbio, “à mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta.” Ou seja, qualquer pessoa que ocupa um cargo tão importante como o de ministro da Justiça deve estar acima de qualquer suspeita, e não é isso que ocorre com Moro no momento.

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