Terreno anexo ao Parque vira “ninho” de escorpiões e ratos

Mais uma vez os moradores do Ipiranga cobram uma solução para o terreno anexo do Parque Independência, na esquina das ruas Bom Pastor e Sorocabanos.
A área de 22 mil m² foi alvo de um mutirão de limpeza em maio de 2018, porém quase um ano depois, o cenário voltou a ser o mesmo: mato alto, lixo por todo o terreno e de acordo com os moradores o local tem contribuído para o surgimento de ratos e escorpiões nas residências do entorno.
A ipiranguista Daise Pereira é moradora do bairro há 32 anos e acompanha de perto o desenrolar da questão envolvendo o terreno. “Todo ano tem promessas novas, mas não acreditamos mais. Eu só acredito vendo. Em setembro então é um monte de promessas de verba e melhorias. Acabou o 7 de setembro volta tudo ao normal”, lamentou a moradora.
Na área seria construído um condomínio com quatro torres da construtora Gafisa. Na época, em 2005, os moradores encabeçados pelo ipiranguista Valdir Abdallah, pediram a anexação de área ao Parque. A briga foi ganha, mas o terreno no meio do coração do Ipiranga, um dos bairros mais carentes de área verde na cidade,está largado à vegetação rasteira e cercado de muros, que estão sendo encobertos pelo mato. “Eu comprei essa briga e fui até o fim. O problema que a burocracia é tremenda em vários departamentos e isso dificuldade tudo”, explica Abdallah.
O então Prefeito de São Paulo, na época, José Serra, usou o Decreto nº 46.530 de 20 de outubro de 2005, e declarou a área de utilidade pública e que poderia ser desapropriado judicialmente ou adquirido mediante acordo. O terreno foi cercado pela Prefeitura desde 2010, ano em que as obras de ampliação foram iniciadas, mas tiveram de ser paralisadas em 2011 por causa da descoberta de um antigo muro remanescente de uma das edificações do instituto. O Departamento de Patrimônio Histórico da Prefeitura (DPH) encontrou no local outros objetos considerados significativos para o patrimônio municipal, como fragmentos de ladrilho hidráulico.
Além do muro, foi esclarecido que seria preservada a Capela Bom Jesus do Horto, que abriga a Igreja Católica Ortodoxa da Anunciação. O local era ponto de encontro de famílias refugiadas da 2.ª Guerra Mundial.
Desde então o local foi abandonado. O que se vê é o acumulo de lixo, entulhos de construção e o mato já tem quase um metro de altura. Isso sem contar que, segundo os moradores do entorno, o terreno virou um ninho de escorpiões e um criadouro de mosquitos.
O terreno faz parte do conjunto de problemas que envolve o Museu do Ipiranga e o Parque Independência. O Museu está fechado para visitação desde 2013 e apresenta partes depredadas por toda sua extensão. Infiltrações, fontes quebradas, mato alto e playgrounds depredados. O Parque Independência tem pisos quebrados, banheiros interditados e o painel frontal que integra o “Monumento à Independência”, restaurado pela metade. “Abandono e descaso resumem a situação atual deste espaço histórico do Ipiranga e do mundo”, diz Daise. “É uma pena. O Ipiranga não merece isso”.