Na sexta-feira (1), às 20h, sábado (2), no mesmo horário, e domingo (3), às 18h, a Cia. Fragmento de Dança apresentará, no Teatro do Sesc Ipiranga, o espetáculo de dança No Te Vayas & Erga Omnes, com direção de Vanessa Macedo; e a apresentação de “Erga Omnes”, indicado ao Prêmio Apca de Dança.
A apresentação dupla apresenta a estreia do novo trabalho “No Te Vayas”. Numa busca incansável por si mesmo, tateamos o impossível. Talvez um outro tempo se anuncie, dizendo que não há fim, é sempre meio de caminho. Em “No Te Vayas”, dois corpos testemunham a força do invisível.
E lá, num espaço-sensação que não se define na forma, nem no tempo, criam seu pacto de transcendência. Sugerem ser duplo e avesso um do outro. Espelho. Sombra. É possível que o mito da alma gêmea faça sentido. Nele, em busca de uma resposta sobre o que é o amor, cria-se a narrativa de que, no princípio, éramos seres de quatro braços, quatro pernas e duas cabeças.
Ao desafiarmos os deuses, fomos cindidos ao meio e condenados a viver à procura da nossa metade. Não há confronto, nem celebração. Dançamos a incompletude que se camufla na brevidade do toque.
Do encontro. Da desesperança. Em 2023, com 20 anos completos de existência em grupo, ecoa partes dos trabalhos do repertório. As cenas, deslocadas das suas criações originais, se reconfiguram numa nova proposta dramatúrgica que emerge das questões que instiga o grupo. Assim surge “Erga Omnes”.
Segundo o historiador israelense Yuval Harari, “somos os mestres da ficção”. Criamos as instituições, as religiões, os gêneros. Inventamos normas de conduta e moralidade. Somos os maiores predadores do planeta, mas temos uma capacidade inigualável de cooperar e, talvez, isso não seja contraditório. Não se trata de empatia e sim da nossa aptidão para imaginar.
Erga Omnes é uma expressão em latim que significa “contra todos”, “frente a todos”. É muito usada no mundo jurídico para dizer que uma norma se aplica igualmente a todas as pessoas.
Nesse sentido, uma invenção humana, questionável e contraditória. “Erga Omnes” propõe pensarmos as estruturas às quais pertencemos, aquelas que nos oferecem proteção e nos cobram obediência. O que pode um grupo diante das ficções que cria e sobre as quais se insurge?
Os ingressos para as três datas ainda estão disponíveis e custam R$ 15,00 para quem tem credencial plena; R$ 25,00 meia entrada; e R$ 50,00 inteira.
O Sesc Ipiranga fica na Rua Bom Pastor, 822.