Rio não merece tanto sofrimento
A cada semana uma nova notícia envergonha ainda mais os moradores do Rio de Janeiro. Na terça-feira (3), os ex-governadores Anthony Garotinho (sem partido) e Rosinha Matheus (Patriota) voltaram a ser presos. Ocasal passou a noite em penitenciárias e conseguiu na manhã da quarta-feira (5) habeas corpus dado por um desembargador do plantão judiciário. A prisão havia sido pedida, por os dois serem suspeitos de receber propina em um esquema de superfaturamento de casas populares em Campos dos Goytacazes, município da região Norte fluminense.
Apesar da liberação rápida, o episódio contribui para piorar a imagem dos políticos cariocas. Essa foi a quarta vez que Garotinho foi preso e vale lembrar que outros dois ex-governadores do Rio estão atrás das grades: Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão. Além disso, o ex-governador Moreira Franco, foi capturado pela Polícia Federal em março e solto dias depois por ordem do Superior Tribunal de Justiça.
De acordo com denúncia do Ministério Público do Rio, os procedimentos licitatórios liderados por Garotinho e Rosinha para a construção de moradias foram “flagrantemente” direcionados para que a construtora Odebrecht se sagrasse vencedora. As licitações ultrapassaram o valor de R$ 1 bilhão custeados pelos cofres públicos municipais. Pior: as contratações teriam sido superfaturadas.
Segundo as investigações, Garotinho e Rosinha receberam R$ 25 milhões da Odebrecht em propina, enquanto o município de Campos dos Goytacazes acumulava prejuízos no valor de R$ 62 milhões em razão do superfaturamento das obras que sequer chegaram a ser concluídas e entregues à população. . A defesa dele e de Rosinha Garotinho nega as acusações.
São muitos os governantes que maltrataram o povo carioca nos últimos anos. Cabral, por exemplo, acumula 233 anos de pena em processos por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele chegou a negar a prática de crimes, mas depois não resistiu e confessou o recebimento depropinas. Como se debochasse da população que o elegeu, teve a coragem de dizer à Justiça que seu apego a dinheiro e poder era um vício. Já Pezão, ex-vice de Cabral, foi preso por suspeita de propinas de R$ 39 milhões.
Esse tipo de comportamento corrupto dos governantes explica – e muito – notícias como a de um pedreiro, de 45 anos, morto enquanto trabalhava na laje de um sobrado. Segundo moradores da comunidade, policiais militares atiraram na vítima. Em outro ponto da cidade, na Cidade de Deus, uma operação da PM destruiu moradias na comunidade sem motivo aparente. Vídeos mostram um carro blindado do Batalhão de Operações Especiais (Bope) arrastando fios das casas.
A corrupção mata e destrói famílias. Tira da criança o direito de estudar e de pessoas de bem terem uma casa decente para morar. Cada um dos responsáveis pela tragédia vivida diariamente pelos cariocas precisa pagar severamente pelo mal que fez a população. O povo carioca não merece tanto sofrimento.