Racismo é debatido em roda de conversa no Chico Science
Poucos se dão conta, mas expressões como “negro de alma branca”, “magia negra”, “mulato” e “denegrir” contêm um fundo preconceituoso. Muitos as usam impunemente, como foi mostrado na roda de conversas sobre racismo, realizada na tarde de quinta-feira (28), na Casa de Cultura Chico Science, no Moinho Velho.
O evento foi promovido pela subprefeitura Ipiranga, em referência ao mês da Consciência Negra, e contou com discursos representativos, narração de fatos históricos e apresentação de rap, gênero musical que atrai os moradores de comunidades em estado de vulnerabilidade e risco social.
Foi lembrado, por exemplo, que o Brasil foi o último país das Américas a abolir a escravidão. Isso ocorreu após a assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888. Foi lançada também a pergunta: por que se comemora o dia 20 de novembro como o dia da consciência negra? Essa e outras questões que confirmam o racismo estrutural foram expostas ao público, entre o qual estavam alunos do Centro para Crianças e Adolescentes (CCA), do Ipiranga. A tática empregada no debate foi utilizar como exemplo no debate o texto do escritor e jornalista Luís Fernando Veríssimo, “o racismo”. Nele, o autor reproduz de maneira sarcástica um diálogo entre um rapaz branco e um negro, em que o primeiro defende que no Brasil não existe preconceito.
Fato difícil de ser entendido pelos palestrantes da roda de conversas sobre racismo e por todas as pessoas minimamente educadas é como pode haver preconceito em um país em que 54% da população é constituída por afrodescendentes, como mostram os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). É difícil compreender também por que apenas 29% dos cargos de gerência são ocupados por negros, se eles são maioria no Brasil?