Prefeito retira verba destinada a manutenção de ruas do Ipiranga

O personagem vivido por Macaulay Culkin ficou conhecido mundialmente graças ao filme “Esqueceram de mim”, onde seus pais saíram para uma viagem no Natal e deixaram ele em casa. Por analogia, podemos dizer que no bairro do Ipiranga acontece a mesma situação. Ou melhor, no Ipiranga podemos dizer: os prefeitos não gostam de mim. Isso é possível afirmar levando-se em consideração as últimas ações tanto do ex-prefeito João Doria, que no ano passado esteve no Ipiranga anunciando uma ampla reforma no Parque da Independência, que incluía instalação de lâmpadas de led para dar mais segurança aos frequentadores; reforma completa das fontes e reforma dos banheiros para atender aos frequentadores e turistas, como a do prefeito Bruno Covas, que assinou um decreto retirando verba que era destinada a manutenção do bairro.
As obras prometidas por Doria eram para serem entregues em dezembro do ano passado e, segundo afirmação do ex-prefeito, seria o presente de natal dos ipiranguistas. João Doria renunciou ao cargo e não honrou sua promessa. Isso sem contar que, ao apagar das luzes de sua gestão de 15 meses, ele esteve no Ipiranga para inaugurar o dito Asfalto Novo da avenida Nazaré, mas entregou a obra pela metade. E a história se repete com o prefeito Bruno Covas. Ao assumir a Prefeitura de São Paulo, um dos seus primeiros atos foi assinar um decreto retirando do orçamento da Prefeitura Regional do Ipiranga R$ 1.132 .000,00. Verba que era destinada a Manutenção de Vias e Áreas Públicas do bairro como um todo.
É bem verdade que o decreto número 58.187 de 11/04/2018 remanejou um total de 35,3 milhões de vários setores, mas o que se nota é que a maior perda foi do Ipiranga, ou seja, tanto o ex-prefeito João Doria como o atual prefeito Bruno Covas não estão tratando o Ipiranga como o bairro deveria ser tratado. Somos uma população de mais de 500 mil moradores, referência nacional como bairro onde foi proclamada a Independência do Brasil. Aqui também João Doria obteve uma das mais expressivas votações para sua eleição. Essa votação deveria soar aos ouvidos do ex-prefeito (agora pré-candidato a Governador de São Paulo), como um voto de confiança da população, mas o que se assistiu foi um total despreso pelo bairro. Seu sucessor não fica atrás. Numa canetada retirou os poucos recursos que o bairro dispunha para sua manutenção. Agora será salve-se quem puder. Nas associações de bairro e nos clubes de serviços da região, o ex-prefeito João Doria é ‘persona non grata’, pelo que não fez ou deixou de fazer pelo Ipiranga. Não se pode dizer, ainda, o mesmo de Bruno Covas que, acredita-se, já recebeu o decreto 58.187 pronto.
É bem verdade é que ainda é cedo para afirmar que o atual prefeito ficará de costas para o bairro, mas na noite de sábado passado, logo após a inauguração das obras da Igreja Nossa Senhora das Dores, durante o coquetel servido no novo salão de festa, os croquetes, quibe, esfiha e coxinhas, perderam espaço para as críticas a sua atitude em relação ao bairro. O Ipiranga, com mais de 500 mil habitantes, é uma fonte de muitos impostos municipais, quer seja o pagamento de IPTU, quer seja de ISS, ou até mesmo cota proveniente do IPVA. Portanto seria justo que boa parte desses impostos voltasse como serviço. No domingo, pessoas que faziam caminhada no Parque da Independência, após ele ser aberto por causa do risco de febre amarela, não se falavam outra coisa a não ser o abandono do bairro pela municipalidade.