Matéria
Passeio visita pontos históricos do Ipiranga
Em mais uma edição da Jornada do Patrimônio, moradores,
admiradores e pessoas com fortes ligações com o Ipiranga, puderam conhecer um pouco mais da história do bairro ao longo dos seus 437 anos de idade. O evento, realizado em sua sétima edição e promovido pelo Museu Vicente de Azevedo, atraiu o interesse de quase 100 pessoas na manhã desse sábado (11) e trouxe a tona ricos detalhes sobre alguns dos patrimônios históricos do bairro.
O passeio percorreu o trajeto que passa por 12 edifícios preservados por tombamento, marcados pela primeira ocupação do bairro, em meados de 1890. Eles estão instalados nas áreas remanescentes de propriedade do Conde José Vicente de Azevedo, que naquele período adquiriu do Governo 46 hectares de terra na região.
Tantas memórias e histórias foram relembradas pelos participantes ao longo da jornada. Contando com instrutores altamente capacitados e com vasto conhecimento sobre a história do Ipiranga, o passeio mostrou também o quanto saber sobre a história dos antepassados pode ser importante para as futuras gerações que queiram se instalar nas ruas históricas do Ipiranga.
Oriundo de família italiana, colônia bastante presente no Ipiranga até os dias atuais, Marcos Fabozi, 64 anos, aposentado, era um dos visitantes. Ao ver de perto o orfanato Cristóvão Colombo, ele que mora no bairro desde 1957, enfatizou a importância de eventos desse tipo. “Tem a história da cidade e a do bairro, e aqui no Ipiranga, aconteceu muita coisa. Resgatamos histórias. Esse orfanato (Cristóvão Colombo) acolhia crianças e muitas delas eram imigrantes. Tinha marcenaria, uma iniciativa de ensinar algumas profissões. Tudo isso fez parte da minha infância”, relatou.
Além do orfanato, foram visitados pelos participantes o Asilo de Meninas Órfãs Desamparadas, o Noviciado Nossa Senhora das Graças, Educandário Sagrada Família, Seminário João XVIII, Colégio Japonês São Francisco Xavier, Instituto Maria Imaculada, Juvenato do Santíssimo Sacramento, Instituto de Cegos Padre Chico, Seminário Central do Ipiranga, Clínica Infantil do Ipiranga e o Grupo Escolar São José.
Cada local era visto com bastante emoção e entusiasmo pelos visitantes, que não se cansavam de registrar o momento com fotos e vídeos, e ainda procuravam saber sobre outras curiosidades da história do Ipiranga. Os tempos de estudo superior foram lembrados com bastante saudosismo pela professora Denise Biffone, 58 anos, professora, que estudou na instituição.
“Passar por cada ponto do Ipiranga é fascinante e gratificante. Nos remete a muitas histórias do bairro. Gostei de todos. Mas o que tenho um carinho especial é a Faculdade São Marcos, onde estudei e fiz vários amigos. Acredito que essa iniciativa deveria ocorrer em outros bairros de São Paulo, que também possuem uma história riquíssima”, disse.
Bisneta do Conde José Vicente de Azevedo, Maria Helena Vecchio Fornari, 69 anos, falou com precisão sobre os momentos de sua infância e juventude os quais passou em alguns dos locais visitados durante o passeio. E enfatizou a importância que seu bisavô tem para o bairro.
“Essa atividade me traz uma satisfação muito grande. São momentos vividos com muita alegria aqui. A minha família vinha sempre no Hospital Nossa Senhora do Alvarenga, na Fundação Nossa Senhora Auxiliadora, entre outros desses locais. São 12 prédios tombados que foram doados pelo meu bisavô para que fossem instituições com o intuito de ajudar o próximo. É algo gratificante. Ele (o conde) tem uma história muito bonita e que está viva até hoje”, contou Maria Helena.