AconteceDestaqueMatéria

Parque da Cidadania de Heliópolis está em estado de abandono

Vazio, com grama alta, obras por fazer, sujeira, pedregulhos e sem nenhuma equipe trabalhando. Assim encontra-se o local onde era para existir o Parque da Cidadania de Heliópolis, próximo à Almirante Delamare. O terreno foi doado pela SABESP e tem 78 mil m².

O local, que fomentaria o incentivo à cultura e até mesmo qualificação profissional na maior comunidade de São Paulo, se tornou mais uma obra de interesse social abandonado na cidade, que pode ser um chamativo para a ação de criminosos que percorrem pela região ou até mesmo invasão.

“Eles acham que em comunidade, a pessoa tem que aceitar o que é. As crianças não têm onde brincar, não tem um lazer. Seria bom [que as obras do Parque continuassem] para as crianças daqui. É abandono”, contou Roseli Atti, moradora da comunidade há 37 anos.

Marco Antonio Marotti, também morador de Heliópolis, sente “desgosto” ao falar do abandono ao local. “Disseram que ia ser uma praça, até hoje essa praça não saiu e o dinheiro não sei onde vai parar. Sinto desgosto de ver tanta coisa e não poder falar nada”, expôs.

“[As autoridades] acham que aqui só mora bandido, malandro, mas mora muita gente trabalhadora”, pontou ainda Atti. “É gente que trabalha, gente que depende de condução, coisas boas, porque afinal de contas, são todos seres humanos que trabalham e pagam imposto”, completou Marotti.

A esperança de ambos é que as obras, de fato, terminem, com um final feliz para a comunidade com a existência da praça. “Que terminem a praça”.

A equipe de reportagem do Jornal Ipiranga News apurou que, em uma primeira fase do projeto, ano passado, a terraplanagem e contensão foram executadas gratuitamente pela CCR.

A empresa quem estruturou o espaço de 78 mil metros quadrados para receber todos os aparelhos esportivo-culturais, edificados para atender a população.

Obras de muros e arrimos, entre outras, também foram realizadas pela companhia de concessão. Além disso, no decorrer do projeto, edificações para atividades votadas à cultura e qualificação profissional, projetadas pelo arquiteto Roberto Loeb, começaram a ser construídas.

“Eu acho muita falta de consideração. Podiam ter terminado já [as obras], que estão assim desde anos passado. Eu fico triste, pois tem as crianças que moram aqui e podiam brincar”, expôs Isis Gabriela Oliveira Santiago, moradora de Heliópolis há dois meses, mas que já sabe do descaso com o terreno do parque.

Em fevereiro de 2023, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, recebeu representantes da Central Única das Favelas (CUFA). Dentre os assuntos debatidos, vieram à tona, também, obras que estão sendo realizadas no Parque da Cidadania através de uma iniciativa do Fundo Social São Paulo (FUSSP).

Mas hoje, a situação parece ser diferente e nada está sendo feito pelo local. “Nós sabemos que essa obra é para respeito da comunidade e que ela possa exercer seu direito, mas até então o que nós estamos vendo é um descaso com a sociedade. Independentemente de onde são os moradores, todos nós somos cidadãos de direito e nós queremos ver valer o nosso direito”, afirmou Luciana Cintra, de 45 anos, que também reside na região.

De acordo com ela, a UNAS está à frente dos acontecimentos e já realizou vários pedidos junto à Prefeitura/Subprefeitura para que as obras fossem finalizadas e nada foi feito.

 

mora em Heliópolis há 33 anos e trabalha com seu pai em uma pastelaria familiar na região. Sua expectativa de que existisse um parque no local existe há uns 15, 16 anos. Quando as obras começaram, nos primeiros meses, segundo ela, “foi uma revolução” e trouxe muita esperança. Mas, há exatamente um ano “parou tudo” e o sonho voltou a parecer distante.

“Está tudo jogado. Abandonado mesmo. Mato “lá em cima” e a gente fica esperando terminar isso daí. Nunca mais se ouviu falar de nada. É bem decepcionante [o abandono das obras]. No começo a gente não acreditava, aí quando vimos entrar muito caminhão muita gente trabalhando, pensamos “nossa vai sair mesmo”, de repente, quando chegou setembro do ano passado, não tem mais nada”, contou com ar de decepção.

Quando perguntada se ainda há esperança no término dos serviços, Ligia deixou ainda mais claro sua frustração com o abandono. “Eu não sei, viu! Estou bem decepcionada, porque a gente criou muita expectativa, mas muita coisa deixou na gente o mesmo sentimento que tínhamos antes: não vai dar em nada”.

A reportagem entrou em contato, também, com a Sabesp, para perguntar sobre o motivo do – não – andamento das obras. Através de nota, a empresa respondeu que “a Sabesp e a Prefeitura de São Paulo estão elaborando um convênio para definir a retomada das obras e prazos com relação ao Parque da Cidadania de Heliópolis”.

Ainda, de acordo com informações obtidas pela redação, a Companhia executará parte das obras, cujos termos estão em negociação. A Sabesp não informou, porém, porque as obras foram interrompidas.

Artigos relacionados

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo