Mulheres historicamente silenciadas
Desde que, neste ano, a Estação Primeira de Mangueira desfilou no Carnaval carioca, quando desconstruiu a imagem dos heróis históricos tradicionais e apresentou uma narrativa alternativa sobre o Brasil, essa discussão se tornou mais recorrente no cotidiano. Com linha temática semelhante, o espetáculo Matriarcado de Pindorama se aprofunda ainda mais na ideia, e se propõe a recontar a história nacional por meio das vozes de mulheres que a “história oficial” silenciou.
“Ver o desfile da Mangueira surgir com o mesmo tema que já estávamos propondo é muito interessante porque mostra como isso é uma demanda coletiva. Ela é maior, está no inconsciente da nossa terra, é necessário hoje tocar nesse assunto. É uma questão para a saúde do Brasil podermos olhar para essa história que era contada sobre o País e poder alargar essas narrativas”, afirma Viviane Dias, dramaturga e co-diretora do espetáculo.
O Matriarcado de Pindorama está em cartaz no Museu do Ipiranga da USP durante todos os finais de semana de março, e compõe a Ocupação Museu do Ipiranga, projeto criado graças a uma parceria estabelecida em 2017 entre a USP – que gere o Museu – com o Sesc Ipiranga. O objetivo do projeto é levar a programação do Sesc, pautada por discussões sobre identidade e diversidade cultural, para dentro das dependências do Museu do Ipiranga, que atualmente está em processo de restauração e modernização.
O espetáculo já existe desde o ano passado, quando era performado na sede da própria Companhia Estelar de Teatro, responsável pela obra. No entanto, para levá-lo ao museu, foi necessária certa reformulação, tanto pelo fato de agora a apresentação ser ao ar livre quanto pela possibilidade que surge de dialogar com o acervo do local.