Futebol é um esporte coletivo
Como era de se esperar, as previsões de que a os brasileiros não iam se interessar pela Copa do Mundo foram desmentidas e a Seleção brasileira virou assunto de debates acalorados na mídia, nos bares, nas empresas e nas redes sociais. Na véspera da segunda partida da fase eliminatória a ser jogada nessa sexta-feira (dia 22), contra a Costa Rica, percebe-se que a euforia de antes da estreia diminuiu, com o empate na estreia diante da equipe suiça.
É claro que os torcedores tinham o direito de acreditar numa vitória expressiva ou, pelo menos, numa atuação mais convincente, porém não se pode esquecer que a tensão e ansiedade que cercam a primeira partida de um Mundial costumam afetar – e muito – o rendimento dos jogadores. São raras as exceções, como o caso de Cristiano Ronaldo, que teve uma atuação espetacular diante da Espanha no seu primeiro jogo.
Por isso, não dá para dizer que o empate, marcado também por falhas da arbitragem, tira da equipe de Tite a condição de forte candidata ao título Mas, algumas lições ficaram evidentes após o jogo e a principal delas é de que o Brasil não pode ser tão dependente do talento individual de seus jogadores. Para ir longe neste Mundial (ou seja, chegar ao menos na final), a seleção tem de apresentar um jogo mais coletivo, algo que Tite tanto preza e faltou ao Brasil diante da Suíça.
Em artigo publicado no O Estado de S.Paulo, no dia seguinte ao jogo, o jornalista Raphael Ramos, lembrou que no domingo, se completara 17 anos de quando Tite começou a ganhar notoriedade no cenário nacional ao conquistar o título da Copa do Brasil de 2001 com o Grêmio. Naquele time, não havia um único destaque. Era o conjunto que fazia a diferença. Assim como foi em seu mais notório trabalho, no Corinthians, no qual ganhou a Libertadores e o Mundial, em 2012, com uma equipe de operários, sem uma única estrela.
Pois, após o belíssimo gol de Philippe Coutinho, na estreia, o Brasil passou a investir no talento individual dos jogadores e isso não foi suficiente para superar a forte defesa suíça. Neymar, por exemplo, não conseguiu tirar da cartola nenhuma jogada mágica. O mesmo aconteceu com Willian, Marcelo ou Gabriel Jesus.
A análise citada ainda ressalta que, desde a apresentação dos jogadores na Granja Comary, lá se vão 28 dias, o Brasil teve tempo para treinar lances com a participação de três, quatro, cinco atletas. Contra os suiços, a seleção não conseguiu fazer triangulações, jogadas de linha de fundo ou avanços em profundidade no meio da defesa suíça. Foi um time previsível e, consequentemente, fácil de ser marcado.
Espera-se que na manhã dessa sexta-feira, essa postura mude. Tite tem toda confiança da torcida e sua liderança sobre o elenco é sempre motivo de elogios. Com toda sua lucidez, ele sabe que um sinal de alerta foi ligado. Os brasileiros esperam que seus ídolos não se esqueçam que futebol é um jogo coletivo. Com isso, certamente, estaremos comemorando um grande resultado nessa sexta e veremos nossa equipe avançando rumo a uma posição que é sua historicamente no futebol internacional.