Mesmo com o frio e as fortes chuvas desta terça-feira (9), dezenas de fiéis e devotos compareceram à Capela de Santa Paulina do Ipiranga para prestigiar os festejos realizados em homenagem à Santa milagrosa e que teve papel importante no bairro. Na data é comemorado o dia da Santa na fé Católica.
“Eu venho todo ano aqui na Igreja de Santa Paulina, eu e minhas amigas. A gente já é acostumada a vir aqui. Venho assistir a missa, gosto de tudo aqui”, contou Célia Ribeiro, de 80 anos, que mora na Vila das Mercês, mas anualmente frequenta a Paróquia de Santa Paulina no seu dia para prestigiá-la.
“Santa Paulina já conheço ela desde quando eu morava lá no Paraná. Eu me espelho em Santa Paulina, na força que ela tinha. Apesar de a gente ser tão fraco, a gente se espelha nessa Santa tão lutadora. Eu venho todo ano”, concluiu Ribeiro.
Irene de Oliveira Ceccato, 90 anos, é uma das amigas de Célia que todo ano vai à Capela e conhece o local. Todo ano eu venho aqui na festa da Santa Paulina e eu já recebi uma graça dela. Estava com muita dor de cabeça, pedi a ela e graças a Deus eu estou bem hoje”, contou ela, que é devota de Santa Paulina e mora no Cambuci.
Ceccato ainda brincou sobre o frio intenso e a chuva que caia no dia. “Que chuva e frio. Põe agalho e vem”, disse. “Adorei”, concluiu sobre a festa. Eliza Maria de Carvalho, 89 anos, é amiga das outras duas senhoras, conheceu a Capela pela primeira vez e ficou encantada. “Maravilhoso. A igreja é uma gracinha. Gostei da festa, da comida. Muito bom”, expressou.
Durante todo o dia, Missas foram realizadas com diferentes padres; além da presença das tradicionais barraquinhas de comes e bebes e uma apresentação do Coral Articurando, de terceira idade, que realiza trabalhos sociais e cantou repertórios italianos que encantaram todos os presentes.
“É um dia muito especial. Dia de Santa Paulina. Primeira vez que nós cantamos aqui na Capela. A Capela tem uma acústica maravilhosa. Fiquei surpreso com a acústica que contribuiu muito para nossa apresentação e eu acho que o calor de todas as pessoas, da irmã Geralda que nos acolheu, do público que foi muito caloroso em cada apresentação, aplaudindo em pé, então, nós saímos daqui super felizes com um momento inesquecível na nossa memória e na nossa trajetória”, contou a reportagem Celso Jardim, 58 anos, maestro do coral e que ficou encantado com a Capela.
A festa é preparada pelas Irmãzinhas da Imaculada Conceição, congregação religiosa fundada por Santa Paulina em 1890. No local histórico, onde a religiosa chegou há 133 anos, celebrações aconteceram para celebrar a sua memória litúrgica, que este ano tem como tema: “Com Santa Paulina, peregrinos (as) da esperança”. Neste ano, foi a primeira vez que a Capela realizou uma novena.
“A festa de Santa Paulina deixou um “gostinho de quero mais”. Foi um momento muito especial, a primeira vez que nós celebramos 9 dias de novena presencial, com missas com bispos, com padres, e hoje dia 9 nos finalizamos com muita alegria, porque foi um momento muito bonito”, afirmou a irmã Geralda Maria Martins, da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição.
“Desde as 8h até a missa agora, encerrando, das 17h30 que está sendo esse fervor maravilhoso [dos devotos], então, só temos que agradecer a Deus por tudo o que aconteceu. Antes da festa começar, eu cheguei nos pés de Paulina e falei “tudo está em suas mãos”. E nem a chuva espantou [o festejo], então, isso aqui foi coisa de Deus e tenho certeza que Santa Paulina está muito feliz com o que aconteceu nessa capela: uma grande evangelização”, completou Maria.
Sobre Santa Paulina
Amábile Lúcia Visinteiner a Santa Paulina, era natural de Vígolo Trentino Alto Ádige, ne região norte da Itália. Com os pais, irmãos e outras famílias de região, emigrou para o Brasil em 1875 e, antes de completar dez anos, passou a morar na localidade de Vígolo, na cidade de Nova Trento, em Santa Catarina.
Dois anos após a chegada da família ao Brasil, a mãe de Amábile falece. Ela cuida da família até o pai casar-se novamente e também ajuda na Paróquia de Nova Trento, na Capela de Vígolo, como paroquiana engajada na vida pastoral e social.
Em julho de 1890, Amábile e sua amiga Virginia Rosa Nicolodi acolhem Angela Viviani, em fase terminal de câncer, em um casebre doado por Beniamino Gallotti, gesto que marca a fundação da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. Após a morte da enferma, em 1891, junta-se a elas Teresa Anna Maule, mais uma entusiasta dos ideiais cristãos.
O trio fundacional da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição transfere-se para o centro da cidade de Nova Trento em 1894, após receber em doação o terreno e a casa de madeira dos generosos benfeitores João Valle e Francisco Sgrott, no local onde atualmente está instalado o Centro de Espiritualidade Imaculada Conceição (CEIC).
Em 1903, Santa Paulina é eleita, pelas Irmãs, superiora geral para um mandato vitalício. Nesse mesmo ano, deixa Nova Trento para cuidar dos ex-escravos idosos e crianças órfãs, filhas de ex-escravos e pobres no Ipiranga, em São Paulo. Recebe apoio do Padre Luiz Maria Rossi e a ajuda de benfeitores, em especial do conde Dr. José Vicente de Azevedo.
A Congregação cresce nos estados de Santa Catarina e São Paulo. Em 1909, as Irmãs assumem a missão evangelizadora na educação, na catequese, no cuidado às pessoas idosas, doentes e crianças órfãs. Nesse mesmo ano, Santa Paulina é deposta do cargo de Superiora Geral pela autoridade eclesiástica e enviada para Bragança Paulista, a fim de cuidar doentes e asilados, onde testemunha humildade heroica e amor ao Reino de Deus.
Compreendendo que a obra é de Deus e não sua.
Depois de submeter-se humildemente nove anos naquela missão, Santa Paulina é chamada a viver na Sede Geral da Congregação, onde testemunha uma vida de santidade e ajuda na elaboração da história da Congregação e no resgate do Carisma Fundante. Acompanha e abençoa as Irmãs que partem em missão para novas fundações. Alegra-se com as que são enviadas aos povos indígenas em Mato Grosso, em 1934. Rejubila-se com o Decreto de Louvor dado pelo Papa Pio XI, em 1933, à Congregação.
Santa Paulina morre aos 76 anos, na Casa Geral em São Paulo, dia 9 de julho de 1942, com fama de santidade, pois viveu em grau heroico as virtudes de fé, esperança e caridade e demais virtudes.