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Falas impróprias de Bolsonaro

Em menos de uma semana, o presidente Jair Bolsonaro usou cocô duas vezes para se referir em público a problemas do Brasil. Primeiro, sugeriu que os cidadãos fizessem cocô em dias alternados para preservar o ambiente. Depois, o presidente afirmou que fezes de indígenas podem atrapalhar licenciamentos de obras importantes.
O presidente parece ter fixação pelo tema cocô desde quando foi esfaqueado em um ato de campanha, em Juiz de Fora, em setembro do ano passado. A facada atingiu o intestino e Bolsonaro passou a usar uma bolsa de colostomia, que funciona como um intestino externo e possibilita a recuperação dos intestinos grosso e delgado. O então candidato à Presidência escapou da morte por muito pouco.
Mesmo depois de passar por uma cirurgia para retirada da bolsa de colostomia, o tema “cocô” parece não sair da cabeça do presidente. No mês passado, por exemplo, ele afirmou que era como os jornalistas que o entrevistavam porque soltava “pumpum” e fazia “pipi”. O presidente afirmou também que, quando sentia dor de barriga durante o dia, não esperava até o fim do expediente para ir ao banheiro. Uma declaração totalmente infeliz e desnecessária.
Esse tipo de comportamento só serve para acirrar a polarização política do País. Pior: a impressão é de que Bolsonaro faz do Brasil um playground. Com constantes referências ao “cocô”, o presidente faz pouco-caso do meio ambiente e de assuntos sociais de extrema importância.
Já passou da hora de Bolsonaro entender que as suas declarações têm repercussão mundial e que só servem para envergonhar e piorar ainda mais a imagem do Brasil no exterior. Na terça-feira (13), por exemplo, a embaixada brasileira em Londres, na Inglaterra, foi alvo de protestos contra a política ambiental do governo. Antes, a Alemanha já tinha anunciado que congelaria o envio de aproximadamente R$ 155 milhões para projetos de conservação da Amazônia.
Bolsorano parece não ter percebido que a eleição já acabou há quase um ano. Soa até infantil o presidente dizer que não é “vaselina”, “politicamente correto” ou “isentão”. Bolsonatoargumenta que gosta de dar respostas diretas aos jornalistas e que foi eleito assim, por isso não vai fugir à sua característica no Palácio do Planalto. O problema é que muitas vezesele falta com o respeito às pessoas com esse tipo de declaração.
Bolsonaro é daqueles que se orgulham por não mudar o jeito de ser. Uma das melhores coisas na vida, no entanto, é justamente o poder de transformação e evolução das pessoas. Quem tem essa capacidade não fica parado lá atrás, cometendo os mesmos erros. Afinal, errar uma vez é humano, mas persistir no erro é outra coisa. Só tem desculpa para não mudar quem está morto.

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