Nossa Opinião

Engole o choro e bola pra frente

O desespero do presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados tem feito muito mal ao Brasil e pode dificultar ainda mais a situação do País. O anúncio feito na terça-feira (22) pelo presidente nacional do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, de que a sigla entrou com uma representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para anular votos de cerca de 280 mil urnas eletrônicas usadas no segundo turno das eleições seria cômico se não fosse, na verdade, trágico. Esse tipo de atitude é má fé e antidemocrática.

Sem qualquer tipo de prova real, o partido de Bolsonaro diz que o presidente venceu as eleições contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Bolsonaro nada mais é do que um mau perdedor. Já que estamos em tempos de Copa do Mundo, em uma analogia futebolística, parece criança mimada que não aceita sofrer gol na pelada da rua e, quando é contrariada, leva a bola embora para casa.

Esse tipo de falácia promovida pelo PL só serve para manter por mais tempo uma minoria de seus apoiadores na frente dos quartéis do Exército. Muitos, como registrado em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, estão à espera de que alienígenas desçam na Terra para manter Bolsonaro no cargo por mais quatro anos. Essas imagens rodaram o mundo e envergonham a nação.

Nas contas do PL, deveriam ser computados 26.189.721 votos para Bolsonaro e 25.111.550 votos a Lula, resultando em 51,05% dos votos válidos para Bolsonaro, e 48,95% para Lula.

O curioso é que o PL não contesta os resultados do primeiro turno, quando o partido elegeu a maior bancada da Câmara dos Deputados. Não à toa, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, deu prazo de 24 horas para que o partido do presidente Bolsonaro faça o aditamento da petição na qual pede a anulação de votos das eleições. No despacho, Moraes pede que o partido apresente a relação de urnas supostamente defeituosas nos dois turnos, alegando que os mesmos equipamentos também foram usados no primeiro turno. Se a solicitação do PL fosse minimamente séria, deveria abranger ambos os turnos das eleições. Mas não é.

O que Bolsonaro deveria fazer neste momento é voltar a exercer o cargo de presidente, algo que não faz desde o dia 30 de outubro, quando foi derrotado por Lula e não mais saiu do Palácio da Alvorada. O Brasil precisa de um presidente republicano, que trate a transição para o governo eleito com dignidade e compareça à cerimônia de posse no dia 1º de janeiro para entregar a faixa a quem será de direito, o vencedor legítimo das eleições.

Já passou da hora de enxugar as lágrimas, enrolar a bandeira e tocar a vida para a frente. O povo brasileiro merece mais respeito por parte da sua autoridade máxima.

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