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E daí, presidente?

No dia em que o Brasil registrou recorde com 474 mortes por causa do coronavírus, elevando o total a 5.017, o presidente Jair Bolsonaro tratou a situação com aparente desdém na terça-feira (28). Ele chegou a perguntar a uma repórter, na portaria do Palácio da Alvorada, o que quer que ele faça em relação às mortes por coronavírus, justamente no momento em que o Brasil superou a China, país de origem da pandemia. As palavras de Bolsonaro provocaram estranheza. “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?”, disse o presidente. Diante da pior crise de saúde, econômica e social do País, o presidente não pode simplesmente vir a público e afirmar “e daí?”. Mais de 5 mil pessoas já morreram e outras tantas perderão suas vidas nos E daí, presidente? próximos dias. Está mais do que claro que esse número só vem crescendo. O Brasil vive uma crise seríssima, com agravamento da situação. O que se espera do presidente é, no mínimo, mais cuidado ao se referir à vida de milhares de brasileiros. Fortaleza, Manaus, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo são as cidades que estão enfrentando as maiores dificuldades. Esses locais apresentam a situação mais intensa de transmissão. O número de pessoas diagnosticadas com o novo coronavírus no Brasil subiu para 71.886, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde. O Brasil está em uma marcha acelerada de novos registros com um índice de diagnósticos semelhante aos de Estados Unidos, Espanha e Itália, países com o maior número de casos confirmados até agora. O mais desanimador é ouvir de especialistas que a taxa de letalidade da Covid-19 no país deve aumentar, principalmente na periferia das grandes cidades onde o sistema de saúde já não consegue atender a todos os pacientes. Por isso, a atenção tem de ser total. Quase metade do total de municípios do Estado de São Paulo, por exemplo, já foi alcançada pela Covid-19. Existe uma falsa sensação no Interior de que as pessoas estão protegidas contra o coronavírus, como se algo que acontece na Capital não fosse ocorrer no Interior também, mas isso não é real. Está provado que medidas de isolamento social são fundamentais para a contenção do vírus. O rigor nessa questão representa, na verdade, mais segurança para todos. O Sistema de Monitoramento Inteligente do Governo de São Paulo mostrou que o percentual de isolamento social no Estado foi de 48% na segunda-feira (27). Em primeiro lugar está a vida. Isso, no entanto, não significa que a economia será deixada de lado. Muito pelo contrário. Não à toa, as autoridades discutem a flexibilização gradual da quarentena no Estado, com a possibilidade de reabertura de comércios e serviços não essenciais a partir do dia 11 de maio. Toda e qualquer decisão tem de estar amparada na Ciência e na Medicina. Só assim conseguiremos o achatamento da curva e salvar vidas.

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