Desigualdade derruba o Brasil
Estudo do professor de economia da PUC do Rio de Janeiro José Camargorevelou que, em 15 anos (entre 2001 e 2016), a aposentadoria dos servidores públicos federais consumiu R$ 500 bilhões a mais do que foi gasto com o setor da saúde. O valor também representa mais de 50% do que foi investido em educação no País durante o período.
A discrepância fica ainda mais evidente quando se analisa os números absolutos. O sistema previdenciário do funcionalismo consumiu R$ 1,325 trilhão, para atender a 1 milhão de pessoas. Já a saúde pública custou R$ 800 bilhões para uma população de 200 milhões de brasileiros.Ainda para efeito de comparação, o programa Bolsa Família, com R$ 250 bilhões em 15 anos, atendeu aos 30% mais pobres do País.
É por essas e outras que o Brasil é tão desigual. Enquanto uma pequena parcela da população fica com muito dinheiro, para a grande maioria sobra pouco, migalhas. É inadmissível que a população continue pagando impostos tão altos para sustentar mordomias de uma minoria e receba em troca serviços públicos de péssima qualidade.
O País chegou a viver um período de crescimento há alguns anos e, assim, alcançou o posto de sexta maior economia do mundo. Mas,o crescimento não foi consistente e consolidado. E mais: não aproveitamos o período para sanar nossas desigualdades e problemas sociais, além de reformar a Previdência. Agora, que o caixa está quebrado e não há dinheiro para quase mais nada, o governo de Michel Temer (PMDB) tenta aprovar a reforma da Previdência a qualquer custo com medidas de caráter duvidoso e controversas.Não à toa, especialistas apontaram que o País viveu um chamado “voo de galinha” e, por isso,não demorou muito para entrar em queda livre.
O problema do Brasil não é essencialmente falta de dinheiro. Mas sim a administração dos recursos públicos. O que não pode haver mais é superfaturamento, caixa 2 e outras formas de desvio. No próximo ano, teremos eleições paradeputados estadual e federal, senador, governador e presidente. A população precisa mostrar o seu descontentamento nas urnas.
As pessoas têm de escolher bem os seus candidatos e votar com consciência. E, caso haja algum desvio de conduta ou se o candidato não cumprir as suas promessas de campanha, tem de severamente cobrado. O problema do Brasil não é somente o sistema previdenciário desigual. Longe disso. O problema está em governantes corruptos e/ou incompetentes.
No meio da disputa por poder, está o povo brasileiro. As pessoas que acordam cedo, pegam ônibus lotado e enfrentam uma carga pesadíssima no trabalho. O que importa mesmo é se a economia vai se recuperar, se os empregos serão mantidos e se a inflação será contida para não corroer mais o salário dos trabalhadores.
O povo exige uma resposta eficiente dos governantes. O que as pessoas esperam são medidas concretas no combate à corrupção e ações efetivas no campo da economia capazes de fazer o Brasil retomar a rota do crescimento.