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Heliópolis, 50 anos de ocupação

Considerada a maior favela de São Paulo, com uma população estimada em 200 mil pessoas, Heliópolis completou 50 anos, desde sua primeira ocupação, no domingo, 19. A ocupação de Heliópolis foi iniciada pela Prefeitura de São Paulo, em 1971, com a transferência de 150 famílias de uma favela da Vila Prudente e Vergueiro, desde então a favela não para de crescer.
A área de Heliópolis foi adquirida em 1942 pelo Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários – IAPI, do Conde Sílvio Álvares Penteado e outros. Em 1966, com a unificação dos diversos Institutos do INPS – Instituto Nacional de Previdência Social, a terra passou para o IAPAS – Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social. Em 1969 o IAPAS construiu o Hospital Heliópolis e o Posto de Assistência Médica – PAM. Outra parte do terreno original foi desapropriada pelo estado para uso da SABESP e outra parte foi negociada com a Petrobras.
É nessa paisagem que, entre 1971 e1972, a Prefeitura de São Paulo retira 153 famílias de áreas ocupadas na favela da Vila Prudente e Vergueiro.
A intenção de fazer vias públicas foi o que motivou a Prefeitura a acomoda em alojamentos “provisórios” no terreno do IAPAS as famílias de Vila Prudente. Sem um planejamento adequado de moradia para essa população, os alojamentos se tornaram permanentes, surgindo, assim, Heliópolis.
Após essa ocupação outras famílias migrantes do nordeste do país, bem como os trabalhadores da obra do Hospital Heliópolis e do PAM foram construindo seus barracos. A partir daí a história é marcada por diversas ocorrências envolvendo a disputa de grileiros, que pretendiam impedir as ocupações e assim comercializar a terra que não lhes pertencia e de lutas contra a polícia, mas também pela mobilização dos moradores e pelo surgimento de lideranças em defesa da posse da terra e de infraestrutura.
Heliópolis possui aproximadamente 1 milhão de metros quadrados. Em sua área, hoje vivem 200 mil habitantes, o que faz de Heliópolis a maior favela de São Paulo. Os barracos deram origem as construções de alvenaria e a Prefeitura, que acabou perdendo a briga pela ocupação de Heliópolis, decidiu urbanizar a área. A realidade do território mudou muito ao longo dos anos, mas o crescimento populacional também trouxe diversos novos problemas locais. A vulnerabilidade social ainda atinge muitas famílias, que em sua maioria é composta por mães solo, sendo a mãe a única provedora.
A construção de moradia popular foi uma segunda etapa da urbanização, com a construção de dezenas de prédios e centenas de unidades habitacionais.
Com a crescimento da população, a urbanização e estabilidade da economia entre os anos 2010 e 2014, a região passou a ser alvo das grandes empresas e do sistema financeiro. Assim, a estrada das Lagrimas, ganhou agências bancárias, lojas de magazine, agência de carro, supermercados e restaurantes, inclusive emissora de rádio. O governo também investiu na construção de escolas – apesar do número ainda ser pequeno para a demanda – e postos de saúde.
O arquiteto Ruy Ohtake., falecido recentemente, é muito festejado em Heliópolis pelo projeto conhecido como “redondinho”. Desenvolvido especificamente para a região, os prédios projetados por Ruy Ohtake tem pouco mais de 50 metros quadrados, dois dormitórios, sala, banheiro e cozinha e em seu entorno uma área de lazer para a população e as crianças. O projeto avançou nos governos petistas de Marta Suplicy – construiu CEU (Centro de Educação Unificada), com salas de aula, teatro, piscina, quadra de futebol de salão e basquete, e cursos de língua, como inglês e francês -, e Fernando Haddad, que avançou na questão habitacional. Porém nos últimos anos pouco se fez nessa área e hoje existe muitos prédios “redondinho”, cuja construção estão em estado de abandono.

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