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Delete o Facebook

Depois do escândalo envolvendo a rede social Facebook, começa a tomar corpo a campanha “delete Facebook”. Elon Muski, proprietário da Tesla (automóveis elétricos) e SpaceX (corrida aeroespacial), excluiu as duas organizações empresariais do Facebook e sugeriu aos seus seguidores no Twitter (6,9 milhões de pessoas) que fizessem o mesmo.
Consta que a empresa Cambridge Analytica usou dados de 50 milhões de usuários na campanha de Donald Trump. Já haviam sido denunciadas práticas semelhantes no plebiscito do Reino Unido. Estamos falando de dois países adiantados, com leis democráticas e amplo respeito pelas liberdades.
Há um mercado negro de dados. Algoritmos perseguem suas preferências e tendências. Por exemplo, você entra num site de viagens, passará a receber mensagens de empresas vendedoras de passagens e de hospedagens de hotel.No Brasil, quando você se aposenta, bancos o procuram para crédito consignado. Veja, um órgão do governo e empresas fiscalizadas pelo Banco Central. Esse deve ser o mais comum dos usos. O problema é quando a sua mente é objeto de manipulação.
O contrato para o uso nas eleições americanas foi feito pelo republicano John Bulton, agora conselheiro nacional de segurança de Donald Trump. O documento previa fornecer “perfis dos usuários do Facebook e microdirecionamento comportamental acompanhado por mensagens psicometrificada”. Entendeu? Difícil até saber o que significa.
Segundo Laura Galante, da Universidade da Virgínia, “o recurso mais precioso de hoje é a mente das pessoas”. Assustador. A discussão passa pela privacidade dos usuários. Nas redes sociais estão os seus dados pessoais, as suas preferências e até os nomes de seus animais de estimação. Enfim, é fácil saber qual é o seu perfil, seja psicológico ou político.
No Brasil, já objeto de reportagens esclarecedoras na imprensa, o MBL (Movimento Brasil Livre),agrupamento político de direita, utilizava o aplicativo Voxer, um sistema que republica automaticamente mensagens como se elas fossem suas. Nas últimas semanas, a ferramenta chegou a ser usada para denegrir a imagem da vereadora assassinada, Marielle Franco. Tudo indica que o Facebook tinha conhecimento disso.
Como a Cambridge Analytica celebrava contrato com empresa brasileira, é provável que milhões de dados já estejam em mãos de organizações nacionais de marketing político. Se uma reles organização não governamental pode enviar mensagens em seu nome, o que não poderá fazer uma grande organização de marketing político? Se fizeram nos Estados Unidos e na Inglaterra, imagine o que poderão fazer no Brasil!
Duas questões em pauta: a credibilidade da empresa de Mark Zuckerberg e a possibilidade de regulamentação do assunto por parte de poderosos parlamentos (Reino Unido, USA e UE), provocando uma corrida legislativa em redor do mundo. Quanto a você, um conselho: utilize redes sociais para encontrar amigos, parentes e se divertir. A partir daí, cuidado!
Por Laerte Teixeira da Costa – Secretário de Políticas Sociais da CSA (Confederação Sindical das Américas).

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