Mesmo com a queda de temperatura e mudança no tempo neste sábado (25), a 17ª edição da Colheita do Café, realizada pelo Instituto Biológico, foi um sucesso e reuniu dezenas de visitantes. A colheita foi realizada em comemoração ao Dia Nacional do Café, celebrado na sexta-feira (24) e recebeu pessoas que já tiveram contato com cafezais e mataram a saudade de colher o café e outras que vivenciaram pela primeira vez a experiência e nem sequer tinham visto um cafezal de perto.
Cerca de dois mil pés de café são cultivados no Instituto Biológico em sistema orgânico. Fundado em 1928 para estudar a broca do café, praga que assolava as plantações paulistas, o IB sempre teve a cultura em seus objetos de pesquisa. O cafezal do Instituto Biológico carrega consigo, ainda, a importância da plantação de seu cafezal, após a fundação do Instituto, e que até hoje serve para estudos relacionados a pragas e doenças.
A Colheita do Café acontece anualmente para que as pessoas possam conhecer de perto os pés de café e aprendam a colher uma das frutas mais queridas dos brasileiros, além de conhecimentos sobre ela. Harumi Rojo é pesquisadora do Instituto Biológico e coordenadora do projeto do maior cafezal urbano” O Dia Nacional do Café foi ontem, hoje estamos celebrando esse dia, convidando a toda população para vir colher o café, degustar os melhores cafés do estado e participar de algumas oficinas. “Eu estou achando muito boa a interação com a comunidade. A cada ano, cresce o interesse das pessoas conhecerem o cafezal”, disse.
Como anualmente acontece, variados produtores nacionais participam da Colheita do Café para apresentar seus produtos ao público. Valdir Duarte é produtor familiar e presidente da Associação dos Cafeicultores do Vale da Grama, que faz um trabalho com integrantes do Café Inclusivo, projeto que abrange profissionais com deficiência.
A propriedade do cafeicultor, denominada Sítio Santa Rosa, fica em São Sebastião da Grama e a tradição vem de família desde 1900″; O café para a gente é uma paixão”, disse. Inez Andaluz Dias é mãe da Cibele, de 36 anos, que tem Síndrome de Down, descobriu há dez anos paixão pelo café, encontrou um curso de Barista, se capacitou e desde então vem trabalhando em eventos e possui uma marca própria”. Como ela, outras pessoas têm esse movimento, nos unimos e estamos nessa colheita do café”.
Lígia Mara Lopes Mattiazzi foi uma das visitantes que nunca tinha tido vivência com o café, visitou pela primeira vez a colheita e adorou a experiência. “Para mim está sendo novo, com 61 anos. Achei muito bonito. É muito legal ver as pessoas colhendo café, vários tipos de cafés, de aromas. Muito bom. Eu vou colher”; disse.
Já Luiza Shiguematsu carrega a experiência de trabalhar com o café de seu pai, que tinha plantação da fruta em uma cidade de São Paulo próxima ao Paraná, onde eles moravam. Para ela, a Colheita do Café resgatou as memórias do passado.”Eu morro de saudades. A gente mata a saudade”; disse ela, que aos 77 anos, foi sozinha, de metrô para o Instituto Biológico.
“Eu já ouvi falar, mas não conhecia [a Colheita do Café], expressou Kath Paloma da Luz Afonso, que levou sua filha pequena, Laura Duarte Luz, para a vivência de colher o café. Eu só conheço o grão e o pó, mas essa experiência é a primeira vez. Olha, sensacional, eu estou de fato emocionada, porque tenho uma relação muito bacana com o café e estar vivenciando isso é algo único”; falou ela sobre a experiência.
Sua filha, que carrega o hábito de moer o café com os pais, também gostou do contato com os cafezais. “Já pegou o grão, já pegou a fruta, já sujou a roupa, está curtindo muito”; disse a mãe.
No evento deste sábado, crianças da alcateia de 7 a 11 anos do Grupo Escoteiro Tiradentes 107 estiveram pela primeira vez com seus mentores na colheita do café. O feito foi comemorado por Ana Maria Staudinger, 72 anos, assistente da chefia do grupo de escoteiros.
“Começa pelo respeito à natureza e saber como as coisas são feitas, como são produzidas né? Porque normalmente as crianças hoje não tem essa ideia né, então, o que a gente procura resgatar é esse contato com a natureza, com o campo e o respeito a ela”, afirmou.
“É importante a gente mostrar para as crianças de onde vem os alimentos que elas consomem, então, a gente está aproveitando esse momento de festa que está tendo aqui no Instituto Biológico, da colheita do café, para poder trazer as crianças aqui para eles conhecerem de onde vem o café e eles estão adorando”; falou Tais Correa, que pertence ao Grupo de Escoteiro Tiradentes. Tô gostando sim. Tô adorando”, contou Eduardo, aluno do grupo.
Pai do menino João Pedro, que faz parte do grupo de escoteiros, Rodrigo Bolanho teve a experiência de acompanhar seu filho na empreitada com a colheita e participar pela primeira vez do evento”; É muito legal, porque foge um pouco das telas de Internet, celular, além de conviver com grupo de amigos, de crianças, muito bom. Estou gostando muito e ele também, apontou.
O Instituto do Café possui o maior cafezal urbano do mundo, através do qual em média, cerca de 1 tonelada de grãos é colhida, resultando, após seu beneficiamento, em 500 kg, os quais são doados ao Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo.
“É a minha primeira vez aqui nesse festival do café e eu estou achando muito interessante a experiência, porque pra gente que é urbano, aqui de São Paulo, ter acesso a essa parte bucólica é muito interessante. Eu estou gostando da experiência. É bem válida”, destacou Léia Alves, salientando o fato de o cafezal existir dentro da cidade. Achando muito interessante pelo fato de a localidade ser aqui no miolo de São Paulo, a gente ter esse acesso a essa cultura que faz parte de São Paulo. São Paulo, a cultura do café”; apontou ainda, ela que foi pela primeira vez na Colheita e advém de familiares agricultores.
Natural de São Paulo, Rosangela Cavalcante também foi à colheita pela primeira vez e se emocionou ao falar sobre a vivência com a reportagem, uma vez que o café a leva uma memória afetiva. “Estou bastante animada. A minha experiência com isso é uma experiência bastante afetiva, porque tinha um pé de café no quintal da casa que cresci. É bonito, eu gosto”, destacou ela, que não tem o hábito de tomar café, mas gosta da fruta. “A fruta me apetece. Eu gosto de chupar a frutinha, pra mim é uma coisa gostosa”, pontuou, dizendo ainda que cafezal do Instituto Biológico é uma preciosidade”. Eu acho que isso aqui tem que ser muito preservado “.
“Já tive experiência com colheita de infância. Meu tio tinha um sítio no interior e a gente ia lá, colhia [o café]. É muito legal ver isso aqui na nossa cidade. É uma amostra bem significativa, um trabalho muito legal que é feito por eles, por fomentar a vivência e colheita com o café”, disse Aurélio Cavalcante, marido de Rosângela.
“Eu já colhi café na minha infância. É uma experiência maravilhosa. Hoje eu colhi de novo, depois de 40 anos. Muito gostoso”; afirmou Neide Aparecida de Almeida, que mora em Guarulhos, mas veio de Taquarituba, no interior de São Paulo, e matou as saudades de colher o café e relembrar do passado.” Eu já vim aqui uma vez e hoje é a segunda vez. Eu achei maravilhoso estar aqui, para colher o café e provar também. A minha história com o café começou aqui, porque eu nunca tive contato”; destacou Giorgina Lino de Carvalho, 63 anos, que veio de Suzano para participar da colheita.