Cinema perde o rei do terror nacional
O ator, diretor e roteirista José Mojica Marins morreu na tarde de quarta-feira (19), aos 83 anos, vítima de broncopneumonia. Ele esta internado desde 28 de janeiro no Hospital Sancta Maggiore, na Mooca, para tratar da doença, mas segundo a filha, a atriz Liz Marins, o quadro se agravou e o artista não resistiu.
Zé do Caixão, como ele era conhecido artisticamente, dirigiu mais de 40 produções e atuou em mais de 50 filmes. O interesse de Marins pelo cinema de terror começou na década de 1950, mas foi em 1964, com o filme “À meia-noite levarei tua alma”. Foi nessa produção que surgiu o apelido Zé do Caixão.
O personagem mais famoso de Marins, o agente funerário sádico, que veste roupas pretas, cartola, capa e unhas longas, ainda aparece em “Esta noite encarnarei no teu cadáver”. “O estranho mundo de Zé do Caixão” e “Encarnação do demônio” são outros filmes de sucesso do diretor. Os testes que ele realizava para a escolha de elenco eram feitos com bichos de verdade, o que assustava a maioria dos pretendentes a ator ou atriz nos filmes do mestre do terror brasileiro, Zé do Caixão.
Marins também trabalhou com outros gêneros, como aventura, faroeste, pornochanchada, e influenciou o movimento do cinema marginal nos anos de 1960. Alvo de preconceito dos intelectuais brasileiros, que o consideravam “trash” ou “criador de filmes escatológicos”, Marins era respeitado fora do Brasil. O rei do terror norte-americano, Stephen King, era fã do brasileiro e fez vários pronunciamentos elogiando a obra de Marins. Chegou até a convidá-lo para fazerem trabalhos juntos. Os trabalhos jamais foram feiros, mas nas terras de Tio San Marins ficou conhecido como “Coffin Joe”.
Marins era filho dos artistas circenses Antonio André e Carmen Marins, José Mojica Marins nasceu na capital paulista no dia 13 de março de 1936. Morou por muitos anos no Ipiranga e, em uma das últimas entrevistas, falou com saudade do tempo em que viveu no bairro. Disse que um dos locais preferidos para passeios era o Parque Independência. Comentou que sentava na sombra, ao lado dos jardins franceses, e ali pensava em novos roteiros. Ele também citou o mercadão da Silva Bueno, como um dos lugares mais seguros para fazer compras.
O personagem Zé do Caixão surgiu para ele durante um pesadelo em que um homem de capa preta o arrastava para um túmulo..
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