Nossa Opinião

Brasileiro ama Copa do Mundo

A Copa do Mundo, maior evento esportivo do planeta, começa nesta quinta-feira (14) quatro anos após o maior vexame da história da seleção brasileira e com o País em um cenário muito diferente em comparação ao último Mundial. Neste intervalo de tempo, o Brasil entrou em grave crise política, a presidente Dilma Rousseff sofreu impeachment, o seu antecessor, Lula, foi preso, a crise econômica tirou o emprego de milhões de trabalhadores e um movimento grevista de caminhoneiros deixou o País à beira do colapso.
Essa sequência de fatos afastou o torcedor da seleção brasileira. Pesquisa Datafolha divulgada na terça-feira (12) revelou que 53% dos brasileiros não estão interessados no Mundial da Rússia. Mas, com o início da Copa e, principalmente, com a estreia dos comandados de Tite, no domingo (17), a tendência é de que a relação de proximidade com o time pentacampeão do mundo seja restabelecida. O brasileiro sempre foi apaixonado por futebol e o País sempre parou em dias de jogos da seleção em Copa do Mundo. Esse ano não deve ser diferente.
Enquanto o Brasil vive um clima de apreensão e expectativa em relação ao Mundial, a Rússia parece ter um certo distanciamento em relação ao Mundial. Os relatos são de que as pessoas não parecem tão entusiasmadas com o evento. As universidades, por exemplo, têm calendário normal, inclusive com uma semana de provas. Não há previsão de alteração nas repartições públicas e bancos.
Depois do maior vexame da sua história, a seleção brasileira tem a chance de, na Copa da Rússia, se redimir. O time conseguiu se recuperar nos últimos dois anos, garantiu a classificação para o Mundial com a liderança absoluta nas Eliminatórias, mas somente uma boa campanha na Rússia será capaz de fazer o time se reerguer de verdade. O primeiro passo será dado domingo, contra a Suíça.
Depois de uma reação recorde nas Eliminatórias, evolução de futebol, recuperação de confiança e vitórias em amistosos, finalmente chega a hora de Tite na Copa. Será o momento de a seleção colocar tudo isso em prática e mostrar que os resultados animadores desde a chegada do treinador, há dois anos, com invencibilidade em partidas oficiais, não foram casuais nem vão ruir diante da pressão e da expectativa de um momento tão grandioso quanto a estreia numa Copa.
Lideradas pelo Brasil, inclusive, as seleções da América do Sul desafiam, na Rússia, uma hegemonia inédita dos europeus. As seleções do Velho Continente venceram os últimos três Mundiais (Itália-2006, Espanha-2010 e Alemanha-2010). Nunca seleções do mesmo continente ganharam três Copas seguidas. O desafio de Brasil, Argentina, Uruguai, Peru e Colômbia também passa por diminuir a distância de títulos entre sul-americanos e europeus, que hoje está em 11 a 9.
Fora de campo, na primeira Copa depois do maior escândalo de corrupção de sua história, com prisões e julgamentos dos cartolas, a Fifa vive seu teste maior. A entidade teve sérias dificuldades para atrair os patrocinadores necessários e seus dirigentes continuam na mira do FBI. A Fifa vive uma intensa crise interna e a guerra pelo poder continua viva dentro da entidade. Independentemente disso, a bola vai rolar a partir desta quinta-feira e é isso que o povo gosta. É isso que povo quer.

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