Arquiteta conta como tem sido passar pela pandemia em Barcelona
Morando em Barcelona há dois anos, a arquiteta Natália Turatto, de 32 anos, deixou a rua Olival Costa, no Alto do Ipiranga, para acompanhar o marido Jhonatan Rojas, de 29 anos, em uma proposta de trabalho na Espanha. A pandemia chegou primeiro para eles e a mãe de Natália, a aposentada Beatriz Regina, aterrizou para visitar a filha bem no dia 14 de março, mesmo dia em que o governo espanhol decretou a quarentena e declarou estado de emergência nacional. “Minha mãe chegou no meio disso tudo e, com receio que ela não conseguisse voltar, antecipamos a passagem de volta e ela ficou só 10 dias, em vez de um mês como planejado. Aqui ela já começou a ter noção da gravidade do problema. Só podíamos sair para coisas essenciais ou trabalhar e só podia sair uma pessoa por vez de cada família. Mercado com número de entradas restritas e sempre de luva e máscara. Crianças foram proibidas de sair de casa e dentro do carro só era permitido uma pessoa”, conta Natália.
Quando foi levar sua mãe de carro ao aeroporto na volta, ela teve que preencher um formulário oficial na internet e deveria mostrar a passagem, se algum guarda a parasse. Barcelona junto com Madri foram as duas cidades da Espanha mais afetadas. Somente nesta segunda-feira (25), as cidades entraram na fase 1 do desconfinamento, com a retomada gradual das atividades econômicas e sociais.
Beatriz Regina chegou de volta à rua Salvador Simões para enfrentar a pandemia agora ao lado do marido. “Sabemos da seriedade do pandemia, meu pai tem pressão alta, é do grupo de risco, e agora a única coisa que posso fazer é ligar e pedir para se cuidarem e ficarem em casa”, conta a arquiteta.
Jhonatan continua de home office e a orientação de mestrado de Natália na Universidade Politécnica da Catalunha, que já era via skype por causa da maternidade, também. Alguns colegas de trabalho do marido de Natália contraíram covid-19 e a prima dela que mora em Madri chegou a ficar internada. “Agora que as coisas estão normalizando, o que mais me marcou foi a nossa união em todo dia sair na janela e aplaudir o pessoal da saúde. Foi muito simbólico, bonito e era também um momento de convívio social. O Brasil está agora uma situação difícil, me angustia muito ver que o país é o segundo em número de casos”.