A maior crise da história do Brasil

Sobretudo por causa dos efeitos da pandemia do novo coronavírus, a economia brasileira fechou 1,19 milhão de vagas de trabalho com carteira assinada no primeiro semestre de 2020. É a maior crise da história do País. Desde 1992, início da série histórica do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), não era registrado um resultado tão ruim para o primeiro semestre.

Esses números referem-se à diferença entre as contratações e a demissões no período. Até o fim de junho, 7,9 milhões de trabalhadores perderam seus empregos, enquanto foram feitas 6,7 milhões novas admissões. Para efeito de comparação, no primeiro semestre de 2019, o saldo havia sido positivo em 408 mil vagas. Essa análise dá dimensão do tombo que a economia brasileira sofreu de um ano para o outro. Muitas famílias não têm o que comer e estão vivendo de doações.

Felizmente, há indícios de retomada da economia no País. Os técnicos do Ministério da Economia têm registrado uma desaceleração do desemprego, mas ainda estamos distantes de qualquer tipo de comemoração mais efusiva. Até porque o novo coronavírus não perdeu o ritmo e continua com alto risco de contágio. Mais de 1 mil brasileiros morrem todos os dias por covid-19. Por isso, as medidas de isolamento social ainda estão em vigor em todo o País, restringindo a circulação de pessoas e, consequentemente, o consumo de bens e serviços.

O desenvolvimento de uma vacina eficaz parece ser a única saída para as coisas voltarem aos trilhos. O Governo de São Paulo começou os testes clínicos de uma vacina contra o coronavírus, mas o imunizante ainda está em sua fase de pesquisa. O fato de essa vacina ser uma das mais promissoras do mundo por utilizar tecnologia já conhecida é animador. O caminho, no entanto, é longo e muitas etapas ainda precisam ser vencidas pela Ciência para chegarmos à tão sonhada imunização em massa da população brasileira.

Por isso, o cenário econômico ainda é preocupante. Muitos acordos de suspensão do contrato ou redução da jornada de trabalho estão vencendo. Isso significa que demissões poderão ser feitas pelos empresários nos próximos meses. A proximidade do fim do programa de Auxílio Emergencial, que dá R$ 600 por mês às famílias mais carentes do País, também pode sobrecarregar a busca por emprego e, atualmente, as empresas não estão preparadas para absorver essa demanda.

Nem o próprio governo federal contratou aquilo que dele se esperava. Um exemplo são os 2.928 aposentados e militares inativos contratados para compor a força-tarefa que terá o objetivo de reduzir a fila de espera por benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O previsto no edital lançado em abril era de 7,4 mil vagas. Ou seja, o governo não conseguiu preencher nem metade das vagas previstas. Enquanto isso, 1,4 milhão de pedidos de benefícios aguarda análise.