A Ilha e o Espelho
Desde o título, o novo livro de Fausto Panicacci, “A Ilha e o Espelho”, denota a contradição como estado natural do ser humano. Todos são formados por aquilo que reconhecem no outro e a única forma de amar verdadeiramente alguém é compreender seus paradoxos, escreve o autor na ficção literária publicada pela Maquinaria Editorial. As reflexões – e de certo modo os desconfortos – com os quais o leitor se depara emergem na história de encontros e desencontros entre o protagonista, Theo B., e um grupo de amigos apaixonados por fotografia, ele brasileiro, eles de diferentes nacionalidades. O local onde tudo começa é o “The Eagle”, um pub situado em uma das cidades estudantis mais antigas da Europa: Cambridge. Entre aforismos e citações sobre as diferentes áreas do conhecimento, o autor do best-seller “O Silêncio dos Livros” revela traços do comportamento dos personagens, especialmente a forma como lidam com seus dilemas pessoais. A partir as vivências, problematiza também questões sociais como xenofobia, crise dos refugiados, poluição e violência contra a mulher. A descrição detalhista das mãos sendo aquecidas na chama da minúscula vela redonda ao cheiro de tinta exalado por um painel de fotografias revela uma das marcas mais proeminentes na escrita do autor, apaixonado tanto por livros como por fotografia e História da Arte. A propósito, o projeto gráfico conta, na capa, com a pintura do artista curitibano Rafael Mesquita. Os olhos que se revelam sobre o rosto encoberto reforçam com uma conclusão evidente na narrativa intimista de Fausto Panicacci: observar o ser humano é descortinar um paradoxo. O livro tem 304 páginas.