O presidente Jair Bolsonaro mal completou dois meses de governo e já coleciona uma série erros. O último foi na terça-feira (5), quando postou um vídeo numa rede social de um bloco de rua, que desfilou segunda-feira (4), no centro de São Paulo. As imagens mostram um homem fazendo um ato pornográfico e o outro urinando nele. O presidente ainda comentou a cena afirmando que “é isto que tem virado muitos blocos de rua no carnaval brasileiro”.
As reações à postagem com conteúdo pornográfico de Bolsonaro foram imediatas, no Brasil e no exterior. O presidente, no entanto, não se intimidou e alimentou ainda mais a polêmica ao perguntar o que significa a expressão em inglês que denomina a prática mostrada no vídeo.
Nos Estados Unidos, o jornal The New York Times lembrou que o presidente tem mais de três milhões de seguidores no Twitter e disse que a publicação despertou reações. O britânico The Guardian destacou que o presidente provocou indignação e nojo. No México, o jornal Excelsior disse que as imagens foram criticadas por muitos internautas.
No Congresso Nacional, o presidente também foi muito criticado. Os tweets de Bolsonaro são incondizentes com o cargo que ocupa. Ao tentar mostrar o seu inconformismo com o Carnaval, o presidente resolveu mostrar uma obscenidade para milhões de famílias. Isso é inadmissível.
Para o jurista Miguel Reale Jr., ex-ministro da Justiça, a publicação do vídeo obsceno configura quebra de decoro e, portanto, justificaria a abertura de um pedido de impeachment. Reale, um dos autores do pedido de impeachment que culminou com a cassação da presidente Dilma Rousseff (PT), vê a atitude de Bolsonaro foi uma “retaliação” aos blocos pelas críticas feitas a ele. Até a deputada estadual Janaina Paschoal (PSL), aliada de Bolsonaro e também signatária do pedido do impeachment de Dilma, não concordou com a postagem do presidente ao dizer que ele não precisaria ter externado sua preocupação com os excessos do carnaval “com tantas cores”.
A impressão que passa é de que Bolsonaro governa por algoritmo de internet. Ou seja, parece mais preocupado em polemizar nas redes sociais do que em liderar de fato o País.
É como se o presidente Jair Bolsonaro não entendesse que foi eleito democraticamente por mais de 57 milhões de pessoas, com a missão de governar o País. Vídeos como o postado na terça-feira ou declarações como a dada na quinta-feira, quando afirmou no Rio de Janeiro que “liberdade e democracia só existem quando as Forças Armadas assim o querem” de nada servem para ajudar o Brasil.
A democracia foi conquistada pela sociedade brasileira. Trecho da Constituição Federal, inclusive, é muito claro ao dizer que “todo poder emana do povo”. Com esse tipo de comportamento e mensagem, Bolsonaro insta os militares a uma postura antidemocrática. A própria História do Brasil mostra que esse não é o caminho.
