Eleição fica mais embolada
O anúncio feito pelo ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa na manhã de terça-feira (8), em sua conta no Twitter, de que não será candidato à Presidência da República embaralhou ainda mais a disputa pelo Palácio do Planalto. O magistrado, filiado ao PSB desde abril, alegou que, após várias semanas de muita reflexão, tomou a “decisão estritamente pessoal” de não ser candidato.
Segundo a última pesquisa divulgada pelo Instituto Datafolha, Barbosa tinha bom desempenho com 8% das intenções de voto em um cenário com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato. Sem Lula no páreo, ele atingia 10%.
A desistência de Barbosa deixa em aberto sobretudo o futuro do PSB. Vale lembrar que a legenda não tem candidatura própria e pretende discutir alianças. Antes de Barbosa, outros nomes considerados outsiders (palavra inglesa utilizada para se referir a nomes de fora do mundo político) já haviam descartado a possibilidade de disputar a sucessão de Michel Temer. Foram os casos dos apresentadores de TV Luciano Huck e José Luiz Datena e do técnico de vôlei Bernadinho. Ninguém parece disposto a tentar surfar na crise de representatividade instalada no Brasil nos últimos anos.
Depois do escândalo da Lava Jato, que atingiu praticamente todos os partidos do País com raríssimas exceções, criou-se a expectativa de que haveria uma ampla renovação na política brasileira. Mas, não foi isso o que aconteceu na prática.
O cenário está totalmente incerto. Com a desistência de Barbosa e com Lula preso, por mais que o PT insista em sua candidatura, a bem da verdade é que boa parte do eleitorado ficou sem referência. Há muitos quadros possíveis e o impasse é gigantesco na cabeça de milhões de pessoas.
Tudo é muito recente e, por isso, é difícil afirmar com precisão qual é o candidato que ganha e quem perde com a saída de Barbosa da disputa. A avaliação de muitos cientistas polítcos é de que quem conseguir melhor utilizar o discurso da honestidade e combate à corrupção pode ser beneficiado. Essa, inclusive, seria uma das bandeiras do ex-ministro do STF por ter atuado no julgamento do Mensalão.
Sem Lula, a esquerda está dividida entre Ciro Gomes (PDT), Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D’Ávila (PC do B). O principal representante da direita é Jair Bolsonaro (pré-candidato do PSL). Ao centro, destacam-se Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin. O problema é que até agora ninguém conseguiu decolar nas pesquisas de intenção de voto.
A próxima eleição será disputada majoritariamente por profissionais. Amadores estão fora do processo e a tendência é que velhas práticas sejam mantidas. O eleitor precisa ter muita consciência na hora de escolher o seu candidato. É necessário ter cautela e examinar com atenção o passado e as propostas. A História mostra que não será um “salvador da pátria” que resolverá os inúmeros problemas do País. O Brasil precisa de um presidente honesto com um plano verdadeiro e efetivo de ações para melhorar a vida de cada cidadão, sem ideias mirabolantes e vazias.