Bairro cresceu em volta do Parque
Foi no entorno do Parque da Independência que se deu o crescimento do Ipiranga e que o bairro se tornou um dos mais populosos da cidade de São Paulo. De acordo com o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2010 o Ipiranga tinha 463 mil habitantes. Três décadas antes, 398 mil pessoas moravam no bairro.
O crescimento populacional acelerado e as mudanças urbanísticas da região não impediram que o patrimônio histórico do bairro continuasse valorizado e preservado ao longo dos anos. No ano de 1919, a ameaça à paisagem do Parque já era preocupação dos arquitetos e urbanistas. Uma das prioridades relacionadas à urbanização do bairro com vistas às comemorações do 1º Centenário do Grito do Ipiranga, em 1922, por exemplo, foi a abertura da Avenida Independência (depois renomeada de Dom Pedro I), com mais de dois quilômetros de extensão. O objetivo era se permitir o que foi chamado à época de “descortino completo do edifício do Museu do Ipiranga e o realce desse belo e antigo edifício”. Assim, quem viesse da região central da cidade já poderia avistar o monumento desde o bairro do Cambuci.
O temor com a paisagem do Parque ficou ainda mais evidente antes dos festejos dos 150 anos da Independência, em 1972. Ali, um documento da Secretaria de Cultura, Esportes e Turismo do Estado assinado por Lúcia Piza Figueira de Mello Falkenberg, presidente do Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico), fala sobre a preocupação de como estaria o bairro no futuro: “o avanço vertical de edificações mesmo antes do 2º Centenário poderá sufocar o restante da paisagem num anel de ferro e cimento”.
O receio era de que o Parque da Independência ficasse sufocado em uma “floresta de arranha-céus”. A construção do Hospital Ipiranga, um prédio com mais de dez andares, a poucos metros do Museu, por exemplo, foi criticada do ponto de vista paisagístico.
O fato é que, nas últimas décadas, o Ipiranga deixou de ser um bairro operário, habitado por trabalhadores que vieram para a região atraídos pela farta oferta de emprego, e passou a se desenvolver como um bairro de comércio e serviços. A verticalização, que teve início nos anos 60, sofreu um “boom” imobiliário nos anos 80 e a linha ascendente se mantém até os dias de hoje. Galpões industriais que durante muito tempo dominaram a paisagem cederam espaço para empreendimentos residenciais de médio e alto padrão. Atualmente cerca de 15 construtoras atuam no bairro.
A chegada do Metrô acelerou ainda mais a transformação do bairro e, neste período, a região cresceu e se valorizou muito já que o transporte para a Avenida Paulista foi facilitado. Outro atrativo para novos moradores é a localização estratégica e os acessos à região do Grande ABC e ao Litoral do Paulista. Junto com esse movimento, vieram lojas, serviços e opções de lazer.
Em 2007, o Conpresp (Conselho Municipal do Patrimônio Histórico de SP) aprovou projeto que limita a altura de prédios no entorno do Parque da Independência a até 10 metros, o equivalente a uma casa ou a um prédio de três andares. O objetivo é proteger a paisagem e evitar a descaracterização do bairro.
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