Um encontro entre participantes, frequentadores e líderes do Templo Budista Nikkyoji, marcou a apresentação do projeto que dará forma ao local, que a partir do próximo ano, reunirá fiéis na Rua Vicente da Costa, 199. A ideia é que as obras sejam concluídas até maio de 2025.
Antes funcionando na Chácara Klabin, o espaço no Ipiranga já está com 75% das obras prontas, conforme contou à reportagem Edson Higashibara, presidente do Templo.
“Para nós é muito gratificante estar aqui no meio da comunidade. Inclusive, o intuito dessa nossa apresentação, é para dizer o que a gente fazia lá na Chácara Klabin [local onde o templo funcionava antes] e trazer os eventos que a gente fazia, integrando a comunidade e mostrando o que é o Budismo primordial”, expressou ele, sobre a ideia de realização do evento.
Ainda segundo ele, a expectativa para inauguração do local sagrado está “a maior possível”. “Inclusive, o evento nosso é para a gente tentar integrar a nossa comunidade aqui do bairro para saber o que a gente vai fazer. Nós temos muitos projetos e a gente quer fazer muito mais e integrar cada vez mais o Budismo dentro do bairro”, concluiu.
Em uma maquete exposta no local, que ainda está em reforma, é possível visualizar como será o projeto. O espaço contará com um prédio, onde funcionará o próprio templo para orações; uma espécie de “velório”, os fundos, com espaço mais reservado para àqueles que estiverem em luto; além de um salão onde acontecerão os encontros com seguidores da religião e a comunidade.
O edifício colado ao templo será de moradia dos Monges responsáveis, contando, inclusive, com uma quadra poliesportiva para os momentos de divertimento.
A arquiteta do projeto é Yukkie Yokoji, que está animada com o andamento das obras e esperançosa para que sejam concluídas, destacando sobre a importância de todos os envolvidos para que a realização fosse concretizada. “É gratidão sempre, mas o projeto não é meu. É de todos nós e reflete exatamente como é o nosso modo de viver”, disse.
“Eu sempre costumo dizer que a arquitetura é uma ciência humana, então, como a gente se comporta? Como a gente interage entre a gente? A edificação reflete as nossas características e a principal característica nossa é a gratidão. Então, se a gente conseguiu chegar nesse 75% de construção é gratidão à nossa religião, às pessoas que estão aqui”, salientou Yokoji.
Um dos Monges que realizam as celebrações no Nikkyoji é o mineiro, natural de Belo Horizonte, Gyoen Campos. “Para a gente é muito importante [inaugurar o Templo no Ipiranga] porque a gente tem uma conexão grande entre a chegada da nossa religião aqui no Brasil com a Independência do Brasil. E foi aqui [no Ipiranga] que foi dado o grito. Então aqui é o início de uma história e o nosso Budismo também foi marcado pelo início de uma história, então é um sentimento de conexão com esse bairro tão tradicional, histórico, importante para a cidade de São Paulo”, disse.
O encontro foi divido em três partes: uma para apresentar o projeto; outra falando sobre as atividades do Templo e a terceira abordando sobre “o que é o Budismo”.
Allan Ishihara, 36 anos, faz parte do Templo e se encantou com a receptividade e generosidade dos moradores do Ipiranga. “A gente está muito ansioso, feliz, contente de estar em um lugar em que a gente está sendo muito bem recebido. Esse sentimento que a gente teve falando com as pessoas no bairro”, contou.
“Uma boa parte do conceito Budista é a interdependência. A gente trabalhar a comunidade. Sozinho a gente nunca vai conseguir nada esse é um princípio básico do Budismo, então, a nossa expectativa vindo para cá é tanto a gente oferecer um apoio espiritual para a comunidade, para os vizinhos, para todo mundo, e também a gente receber essa mesma ajuda”, destacou ainda, Allan.
O Templo Nikkyoji carrega a história de ter trazido consigo o primeiro Budismo no Brasil, através de um navio da imigração japonesa, nominado Kasato Maru que em 1908 levou consigo um monge para dar suporte religioso para os primeiros imigrantes japoneses do país.
No dia da inauguração, próximo ano, o local sagrado deverá contar com a participação do Subpontífice Budista, Kimura NIchigaki Shonin, liderança máxima da religião.
Sergio Uematsu é presidente do Budismo no Brasil e contemplou a apresentação. “Nosso sonho está acontecendo. É um trabalho bastante gratificante”, contou, destacando que todo serviço feito é voluntário, o que gera uma “satisfação ainda maior”.