Tradicional padaria fecha as portas no Ipiranga

Prestes a se tornar cinquentenária (foi fundada em 1977), a Padaria Patriopan encerrou suas atividades definitivamente nesta segunda-feira (15). Várias são as versões para o fim das atividades da empresa, desde o desentendimento entre os sócios, até a forte concorrência que reduziu o movimento e acabou provocando um acúmulo de dívidas. Nenhum responsável, no entanto, quis se aprofundar na questão ou entrar em mais detalhes sobre o fechamento.

Há poucos anos a padaria havia se modernizado, ampliando seu nicho de produtos e passando a servir comidas por quilo, um minimercado, jantar, tortas e pizza. No primeiro momento isso ajudou a melhorar o movimento, mas não ocorreu aumento da clientela, principalmente porque no entorno da padaria não existem empresas ou mesmo comércio, público alvo do serviço de almoço por quilo. ” A comida servida era boa, o preço razoável, mas não do gosto e do bolso dos moradores do entorno, formado por pessoas idosas e aposentados”, disse um frequentador da Patriopan.

Desde domingo (14), veículos estacionados na porta da padaria começaram a remover os objetos, cadeiras, geladeiras e produtos do local. Na manhã de segunda-feira, moradores que gostavam de realizar compras ou até mesmo tomar café da manhã, foram pegos de surpresa com o fechamento e tiveram direito apenas a alguns pãezinhos que estavam à mostra em uma mesa, próxima a entrada.

Nos últimos meses, a diminuição no quadro de funcionários, produção de produtos, número de clientes reduzido e desligamento de algumas geladeiras, já demonstravam que algo diferente poderia estar acontecendo com a padaria,que mesmo assim, continuava a funcionar.

Mas os murmurinhos sobre o fechamento já aconteciam desde o ano passado alegando diversos motivos para o acontecido. Desde dívidas exorbitantes a brigas entre sócios, foram várias as hipóteses levantadas, mas nenhuma, ainda confirmada pela reportagem.

“Eu fico muito triste, porque é uma padaria muito boa, os funcionários são maravilhosos e eu não desejaria isso de jeito nenhum”, contou José Wilson Tavares, popularmente conhecido pelos ipiranguistas como Mineiro, comerciante regional.

Ele demonstrou, ainda, preocupação com os funcionários da padaria após o fechamento e se colocou à disposição para ajudar no que fosse preciso. “O que eu desejaria é que os meninos estarem aí, empregados, a crise está grande”, destacou. “Precisava de mais apoio, mas que Deus abençoe que os funcionários vão arrumar um trabalho bom e que eles acertem os direitos dos funcionários”, completou Mineiro. “Se depender de mim para alguma coisa, eu só quero dar apoio”, concluiu.

Um funcionário antigo da padaria que não quis se identificar, em conversa com a reportagem, chegou a contar, que os trabalhadores do empreendimento, sequer foram chamados para uma reunião a respeito da situação do local.

“Parece que morreu alguém. Um pedaço do bairro morreu”, expressou uma moradora que atravessava a rua com seu cachorro, ao ver o fechamento da padaria.

Existem hipóteses, também, sobre o futuro do imóvel após o fechamento, mas ainda não há nada de concreto a respeito.

Osmar Batista, ou Dario Cabeleireiro, nome conhecido e querido no bairro é vizinho da padaria e frequentava o estabelecimento há mais ou menos 35 anos. Ele se declarou muito triste com seu fechamento.

“É muito triste para nós, vizinhos, amigos da família, dona da padaria, para nós é muito triste. Fiquei emocionado, mas é o que está acontecendo. É a situação do país”, contou ele, que tinha amizade com os proprietários da Patriopan.

“Eles estavam em dúvida se iam fechar ou não, mas parece que ontem (domingo) foi tomada a decisão de que iam fechar hoje (segunda-feira). Eu até pensei que era mentira”, destacou ainda, esperançoso de que o imóvel seja reformado para a chegada de outra padaria. “Eu tenho certeza disso”, diz.

A Patriopan ficava na rua Cipriano Barata, esquina com a Patriotas.