Capela do Cristo Operário é reinaugurada após restauro

Para alegria dos fiéis que aguardavam ansiosos por este momento, a histórica e tradicional Capela do Cristo Operário, localizada no Ipiranga, reinaugurou neste domingo (8), após obras de restauro que foram realizadas desde abril pela Construtora Tapera.

Com capacidade para 80 pessoas, a missa de reinauguração, estava lotada, atraindo fiéis que moram na região, além de pessoas que participaram da restauração da capela. Ao final da missa foi oferecido um café aos presentes.

Construída em 1950 a partir de uma iniciativa do Frei Batista Pereira, a Capela do Cristo Operário representa um pouco da história do bairro e está vinculada à ao movimento Economia e Turismo.

Ligada à Ordem dos Dominicanos, a Capela possui obras de importantes figuras do Modernismo brasileiro, como Alfredo Volpi, Yolanda Mohalyi, Geraldo de Barros, Moussia Pinto Alves e Roberto Burle-Marx, o que a torna ainda mais especial.

Mariana Falqueiro foi a arquiteta responsável pelo restauro e não conseguiu conter a felicidade após os serviços concluídos. “A obra foi muito rápida pelo volume que teve, graças a uma equipe muito comprometida e muito carinhosa que eu quero agradecer”, expôs.

“Gostaria de agradecer imensamente à comunidade da Capela que me recebeu e é uma grande honra para mim ter feito esse trabalho aqui. Agradeço, também, toda a confiança dos Dominicanos por ter confiado aqui nesse grande trabalho. É uma honra muito grande, destacou Mariana, apontando os Freis e principais integrantes da comunidade que abraçaram o projeto.

Falqueiro destacou, ainda, sobre a importância histórica da Capela e o “trabalho conjunto” com os fiéis e envolvidos. “Tudo isso só faz sentido quando vocês [fiéis]estão aqui. Quando vocês estão olhando essas obras, celebrando nessa Capela, essas obras são reconhecidas e valorizadas por vocês, então, eu acho que o grande patrimônio da Capela é o que acontecendo aqui hoje [na reabertura]”, destacou.

Frei Marcos Augusto de Andrade Alexandre é frade dominicano e pároco da Paróquia Sagrada Família, que fica na Av. Cursino 1915. A Capela do Cristo Operário pertence à Paróquia. De acordo com ele: “ver a capela Cristo Operário restaurada em sua estrutura e história, é fortalecer a certeza de que a fé, o trabalho e o diálogo podem marcar e mudar a história “.

Em agosto deste ano a reportagem do Jornal Ipiranga News noticiou sobre as obras, as quais já estavam bem avançadas. Na ocasião, de acordo com Falqueiro, faltavam o término do tratamento da pintura externa, realizada à base de cal, além das pinturas lisas internas.

À época, a arquiteta conversou sobre as expectativas após a reabertura da Capela e contou sobre um programa de manutenção e conservação que foi elaborado pela Tapera e protocolado junto ao projeto de restauro, o qual ela espera que seja colocado em prática.

“Eu esperaria que ela [Capela] ficasse permanentemente aberta ao público e de fato haja a execução do plano de manutenção e conservação que acompanha esse projeto e entregue tanto à comunidade quanto aos proprietários”, havia dito.

A Capela do Cristo Operário fica na Rua Vergueiro, 7290 e as missas acontecem aos sábados (19h) e domingos (8h30).

Esta foi a segunda vez que a Capela foi restaurada. A primeira, aconteceu em 2006, quando haviam sido detectados problemas pontuais recorrentes.

Um pouco mais sobre a história da Capela

A Capela do Cristo Operário surgiu de uma iniciativa do frei João Batista Pereira dos Santos, inspirado pelo movimento Economia e Humanismo durante sua estadia na França, entre os anos 1930 e 1940. O movimento nasceu segundo os ideais do Pe. Louis-Joseph Lebret, que se preocupava com a condição do trabalhador nas sociedades capitalistas de países subdesenvolvidos, como no Brasil.

Sua história da Capela começou, de fato, quando a Baronesa Brasílio Machado doou o terreno à Ordem Dominicana. À época, foi-se instalado o Centro Operário do Ipiranga.

Em maio de 1950, Frei João Batista inaugura, em parceria com o Círculo Operário do Ipiranga, a Capela do Cristo Operário no Alto do Ipiranga, então uma área periférica que se industrializava em São Paulo (cidade).

Entre as décadas de 1950 e 1960, a capela fez parte de um projeto idealizado pelo Frei João Batista Pereira dos Santos e pelo artista plástico Geraldo de Barros: a fábrica de móveis Unilabor, que unia arte, trabalho e religião em atividades junto à comunidade operária da época. Administrada em modelo de autogestão por seus próprios trabalhadores, a fábrica foi dissolvida em 1967 por “motivos ideológicos, econômicos e políticos”.

A arquitetura da Capela do Cristo Operário foi feita pelo Frei João Batista Pereira dos Santos. O desenho segue o modelo das capelas coloniais, com sua simplicidade e linhas retas típicas do campesinato. À entrada, de frente para a Rua Vergueiro, há uma porta dupla de madeira com um vitral no topo e, nas laterais do edifício, mais quatro vitrais com Evangelistas. Na fachada, há um campanário com uma cruz no ponto de intersecção das quatro águas.

O terreno de 5 mil m² onde ela está localizada é dividido em 6 edifícios: Capela, casa do pároco, casa abandonada, 2 galpões (antiga oficina da Unilabor) e um edifício de três pisos (antiga oficina da Unilabor). O local pertencia ao Círculo dos Operários do Ipiranga, que depois foi repassado aos padres Dominicanos através da Sociedade Impulsionadora de Instrução.

Quem quiser visitar a capela pode ou assistir à missa agendar pelo telefone 5058-8386.