Conhecida como uma rua tradicional e pacata no Ipiranga, a General Lecor tem se tornado um caos, para os na altura do número 170. Ali o Hettwer Bar, que, de acordo com denúncias, com falta de acústica, atormenta o sossego dos moradores do entorno, os quais já não aguentam mais tanta importunação.
Além de músicas altas. Eles alegam que de madrugada, o falatório e as palavras de baixo calão, deferidas pelos frequentadores do estabelecimento, também geram incômodo para os moradores.
Iara Maria Rocha Cerveira é advogada, moradora na General Lecor desde 1980. Segundo ela, nunca o barulho na redondeza foi tanto, quanto agora. Isso graças a falta de acústica e desrespeito do bar em relação ao horário de funcionamento.
Maria conta que reclamações foram feitas, tanto para os responsáveis do bar, quanto para a proprietária do imóvel, mas nada do problema ser solucionado. “Eu reclamei para ela [proprietária] e alugou assim, sem se preocupar com os moradores, tão antigos daqui. Ainda de acordo com ela, o intuito do bar quando foi implantado na rua, era de ser um espaço reservado para eventos fechados, o que não aconteceu. “Eles alteraram [o contrato]” teria explicado Maria Amélia, dona do imóvel, à Iara.
A moradora, insatisfeita, afirmou que caso o contrato tenha sido – de fato – modificado, foi cometida uma infração contratual. Mais uma tentativa em vão, e Amélia nem se importou com as reclamações e pontuações.
Em relação aos gestores ou responsáveis pelo Hettwer, os moradores afirmam que as respostas em relação à perturbação do sossego foram truculentas e até ameaçadoras.
“Se eu for falar sobre esse bar, enche um livro. Eles já tentaram me bater, na porta da minha casa, porque eu fui lá, reclamar. Toda hora muda de pessoas aí. Uma vez tinha um cara bravo, que punha os dedos na minha cara. Sorte que minha cachorra estava perto. Eles me intimidaram várias vezes”, contou Paulo Coviello Neto, também residente da General Lecor e que diz não aguentar mais tanto barulho.
Mesmo sendo ameaçado, Coviello não desiste de denunciar o estabelecimento quando “passa do ponto”. “Eu continuo indo lá. Não tenho medo não. Eu entro no bar e reclamo. Uma vez, entrei de pijama ”, expôs.
O desespero é tanto, que os moradores alegam que não conseguem, sequer, receber visitas em casa. Segundo Iara, o proprietário da residência 167, vizinha ao bar, se cansou de tantas reclamações em vão e se mudou, por conta da falta de respeito e empatia do espaço.
Neto, por exemplo, teve que adequar sua residência com janelas antirruídos para que o barulho não “invada” sua casa. Atitude, que para ele, deveria ser tomada pelo próprio estabelecimento.
Sem um acordo ou a presença do proprietário do bar no local para negociações, Cerveira está com uma notificação contra a proprietária pronta. Além disso, os vizinhos cogitam elaborar um abaixo assinado e encaminhá-lo para o Conselho Comunitário de Segurança (Conseg).
Gestores do bar afirmaram que estão com todos os alvarás de funcionamento em dia e permanecem abertos até o horário estabelecido por Lei – 1h da manhã. “Em relação a fechar mais do que uma hora da manhã, isso com certeza não é verdade, porque a gente tem uma multa altíssima da Lei do Psiu, que se a gente não cumprir pode ser passivo de ter que pagar. Uma da manhã, o bar está com as portas completamente abaixadas”, disse a administradora.
As bandas que se apresentam no empreendimento, tocam até às 22h30 e iniciam às 19h30, de quinta à domingo, de acordo com informações. “Em relação à acústica, a gente tem tentado minimizar essas questões”, pontuou a administradora.
Segundo informações, todos os funcionários da casa trabalham em sistema CLT. Ao todo, 12 famílias estão empregadas no local.
Sobre as ameaças e truculência, a reportagem foi informada de que, na verdade, elas partem de quem reclama do barulho do bar. “Na verdade, já aconteceu o contrário. Já teve um vizinho aqui que chegou gritando, quase cuspindo na nossa cara. A gente ouviu tranquilamente, mas era 22h30 a música acabou. Dos funcionários com os vizinhos não têm [ameaça ou rigidez]”, expressou a supervisora de atendimento do Hettwer.
Em relação às importunações ocasionadas por pessoas que permanecem nas calçadas após o fechamento do estabelecimento, os gestores frisaram não ter nenhum poder sobre elas, a partir do momento em que estão fora do bar.
“A gente faz a nossa parte, tentando preservar o respeito pelas pessoas. Se as pessoas enxergassem nossa parte, como gestores de emprego, talvez pensassem diferente”, apontou a administradora do estabelecimento.